sexta-feira, 25 de abril de 2008
A Tremura dos Quarenta
Afinal parece que a proverbial atracção dos homens de quarenta pelas raparigas de vinte não resulta de qualquer concupiscência adquirida com os cabelos brancos… É antes a simples constatação da sua incapacidade de acompanhar o ritmo das suas parceiras de quarenta!
Esta afirmação bombástica e polémica não é fruto de qualquer desejo secreto e irresistível de protagonismo mas a simples constatação dos factos vividos e presenciados quotidianamente.
Senão vejamos. Como estão a maioria dos casais à beira dos quarenta? Divorciados, respondem-me de pronto os leitores perspicazes e vividos, ávidos de refutar os meus sismáticos argumentos.
Certo, mas porquê? Qual a razão primordial que ataca indelevelmente os casamentos à beira dos quarenta?
A entrada nos entas é um marco na vida de um indivíduo. Basta fazer contas à vida… Quantos chegam aos oitentas? Muito poucos.
Afinal, parece que passei do meio do filme e continuo sem perceber nada da história…
Nos devaneios da adolescência imaginamos mundos e fundos para a nossa maturidade: riqueza, sucesso, reconhecimento, paixões… Um carro impossível de estacionar, um prémio Nobel da Física, uma vitória no Paris-Dakar. Uma marca fundamental para a nossa existência que se prolongue na História, per saeculo saeculorum…
Ao invés disso o que é que obtemos, na maioria dos casos?
Muitas contas para pagar, uma carreira sem perspectivas e uma gritante falta de paciência para quase tudo o que nos rodeia.
Como a maioria dos homens não tem dinheiro para comprar Ferraris ou disponibilidade para partir numa viagem sem data marcada para explorar o que resta da selva amazónica, as crises de meia-idade são geralmente resolvidas à custa de anti-depressivos!
Bem, pode-se sempre fazer blogues…
E será assim também com as mulheres?
Não há dúvida que apesar de belo e resistente, o sexo feminino não possui o dom da imortalidade, pelo que não vislumbro nenhuma razão para não passarem pelos mesmos dilemas de meia-idade masculinos.
Mas há uma diferença substancial. Enquanto os homens amuam, passam horas no computador ou a acabar com a (pouca) paciência dos que os rodeiam (principalmente das mulheres), a mulher madura não se entrega à depressão.
Numa atitude reveladora de inteligência, a solução feminina para a crise de meia-idade é muito mais positiva: ao invés de se entregar resignada à constatação da sua transitoriedade, parte em frente, em busca do tempo perdido, das coisas que ainda não fez mas gostaria de fazer. Investe em si, no seu aspecto físico, nas amizades que mantém e que constrói e até, por vezes, nos amores e paixões que não teve.
Não admira assim que os divórcios proliferem… Aos quarenta os homens (deprimidos) vitimizam-se, enquanto as mulheres desabrocham. Perdem os medos e os receios que povoaram a sua juventude a afirmam-se, independentes e seguras, na sua autononia, com pouca paciência para as crises existenciais dos maridos e muito mais interessadas em viver a vida madura na sua plenitude. Antes que seja tarde.
Ao homem restam então duas hipóteses.
Acertar o passo com a sua companheira e tentar tirar partido da nova “adolescência” do casal, o que implica uma vitalidade que geralmente já não possui.
Confessar-lhe a sua incapacidade para a acompanhar nos seus “roaring forties” e partir para outra viagem, de preferência com uma vintona de agenda social bem menos exigente e sequiosa do conforto e tranquilidade que a maturidade masculina lhe pode proporcionar.
Esta segunda hipótese, ainda que possa parecer atraente para muitos quarentões, revela contudo, após mais séria reflexão, pelo menos um insuperável dilema…
Se tudo correr bem também ela chegará aos quarenta. E se o homem de quarenta já não tem pedalada para acompanhar uma mulher da mesma idade, o que dizer do homem de sessenta?
E aos sessenta já não será fácil encontrar outra companheira nos vintes…
Será que ainda haverá paciência para os blogues?
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1 comentário:
Tenho pena que já não escreve...adorei ler!
Bjos
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