quarta-feira, 9 de abril de 2008

A 13ª Badalada


A passagem de ano é uma ocasião plena de simbolismo e de rituais. São as passas, o espumante, o caldo verde e, para muitos portugueses, a entrada no novo ano não está completa sem a famosa"queca" de Ano Novo.
O pressuposto é simples: devemos começar o ano como gostaríamos que ele decorresse. Por isso nada mais óbvio do que começá-lo com sexo, prenúncio mais do que fiável para mais doze meses de sensualidade ao rubro...
Chamem-me céptico, mas duvido das virtudes deste ritual.
Desde logo porque depois da comezaina e do cocktail alcoólico que costuma acompanhar estes eventos, poucos são os que se podem gabar de estar no pico das suas capacidades sexuais (o risco de indigestão é enorme e faltam dados estatísticos fiáveis - fica aqui o desafio lançado ao INE - que permitam avaliar o número de mortos e feridos anuais em resultado directo deste costume, que suspeito deve ultrapassar o dos acidentes rodoviários...).
É certo que uma bebida ajuda a desinibir as mulheres. Mas o mais certo, nestas ocasiões, é que a desinibição ocorra por volta da meia-noite (por altura do beijo sensual de Feliz Ano Novo) e quando chega a hora da verdade não haja "queca" que as consiga acordar...
Para os homens então é o puro desalento... Depois das misturas do vinho do jantar, dos respectivos digestivos e do espumante Raposeira (instituição nacional ao soar das doze badaladas), bem como de tudo aquilo que ainda conseguirem emborcar até à hora da alcova, o mais certo é esgotarem as últimas forças no acto inglório de vestirem o pijama e caírem redondos na cama, se esta não teimar em vagar fantasmagoricamente pelo quarto como sucede frequentemente nestas ocasiões, caso em que o cair redondo no chão é sempre uma hipótese a considerar...
E lá se vai a mitologia.
Mesmo que, por pura teimosia, se consiga consumar a tradição, a qualidade será de tal modo medíocre que, se o mito vingasse e o espectáculo se repetisse durante o resto do ano, teríamos divórcio na certa antes de repetir o evento.
E a simbologia sai do avesso. Em vez de se entrar no Ano Novo com o pé direito entra-se com ele murcho...
Livra! Ainda bem que não sou supersticioso!
E depois queixam-se que as mulheres nunca querem sexo... Que é só uma quando o rei faz anos. Pudera com entradas destas não há mulher que aguente!
Vão por mim: nestas coisas do sexo não há relógio de ponto. É antes a ponta quem manda. Sem ela não há boas entradas para ninguém!

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