quarta-feira, 9 de abril de 2008
A Bela e o Monstro
O povo diz que o amor é cego e já vimos que por vezes também é capaz de cegar.
Mas até que ponto a aparência influencia a escolha dos nossos parceiros?
Afirmar que as pessoas bonitas são altas e louras parece um mito revelador de total superficialidade. Mas será que, em toda a nossa racionalidade e boa intenção (que é o que mais há no Inferno, como é sabido), não seremos impelidos, por razões superiores à vontade, a escolher mais facilmente um relacionamento com alguém cuja aparência se insere num determinado padrão estético, ao invés de outro?
Aquela pessoa, que até sabemos ser extraordinária, mas que, coitada, não foi particularmente bafejada pela sorte quando o Criador distribuiu a beleza, não fica sempre para trás, por mais inteligente, bondosa ou carinhosa que seja?!
Nem precisa ser muito feia. Basta não preencher os padrões típicos que, inconscientemente, vamos estabelecendo para nós próprios.
Já vimos que, estatisticamente, as mulheres continuam, ainda hoje, a procurar segurança nos homens, e estes beleza física nas mulheres.
Mas tais objectivos escondem uma enorme panóplia de escolhas. Como pode uma mulher avaliar, pelo aspecto, o homem mais capaz de lhe garantir a almejada segurança?! E quais os padrões masculinos de beleza?
Nada mais fácil.
Os americanos gostam de fazer estatísticas sobre tudo, e embora o rigor científico das mesmas nem sempre seja muito canónico, estas mostram-se muito úteis no fornecimento de algumas pistas (para além de me darem um certo jeito para redigir estas breves crónicas).
Coloquem-se vários homens alinhados (como nos filmes policiais) atrás de um vidro, que os torne visíveis para uma mulher, mas ela invisível para eles. Peça-se à feliz contemplada para escolher com qual deles gostaria de sair à noite. De certeza absoluta que os mais baixos vão passar a noite sozinhos!
Lembram-se da série Seinfeld e do pobre George? Era baixinho não era! E como era a sua vida sexual? Péssima! (Algumas leitoras poderão argumentar que também era careca, o que não abona o argumento, mas para além de, no nosso país, ainda se cantar que “é dos carecas que elas gostam mais”, essas leitoras divertem-se a atacar os meus argumentos, pelo que não simpatizo com elas – para castigo vão ter um romance com um sujeito baixinho e anafado!).
Na verdade a escolha nada tem a ver com a beleza. Pode-se ser baixinho e muito bonito. Pode-se ser um amante extraordinário, um pai extremoso, um marido que lava a loiça todas as noites… e ter um metro e meio de altura!
Porque é que elas vão escolher os mais altos?
Porque querem segurança, resposta óbvia e perfeitamente coerente com os meus textos anteriores (só para provar que eu também leio os meus textos). Para meter medo aos outros é muito melhor ter uma viga de dois metros ao lado do que um meia-leca qualquer!
A sério, façam o teste.
Os americanos fizeram-no várias vezes e com muitos candidatos e eleitoras e os resultados foram impressionantes: os pobres dos homens baixos ficavam sempre para último, por muito que lhes elogiassem as qualidades nas mais variadas áreas do conhecimento e desempenho humano!
E os mais altos eram sempre os escolhidos.
Foi necessário dizer às mulheres que o mais alto era uma assassino sádico e perverso, para que elas colocassem a hipótese (ainda que abstracta…) de saírem com o baixote. E mesmo assim hesitavam!
E os homens?
Bem, esses parecem ter um fetiche por loiras.
Apesar da proverbial (e mítica, diga-se em abono da verdade) burrice das loiras, estas têm muito mais homens atrás delas, a lançar-lhes piropos e a oferecerem-lhes o número de telefone, na esperança de um encontro romântico, do que as morenas.
Porquê? Porque nos mitos de beleza da nossa sociedade ainda está muito enraizada a ideia da sex-symbol loira do tipo Marylyn Monroe ou Pamela Lee Anderson (e não me venham outra vez as leitoras de há bocado lembrar-me que ambas as citadas possuem ou possuíam atributos físicos proeminentes noutras áreas para além do cabelo – eu até nem gosto de bustos insufláveis e aposto que essas leitoras são todas morenas… Acertei?).
Nem precisam de ser loiras naturais. Uma actriz americana pintou o cabelo de amarelo platinado e simulou uma avaria no carro, à beira da estrada. Foi um corrupio de homens a pararem e, solicitamente, oferecerem ajuda, enquanto naturalmente apalpavam o terreno, fazendo-se descaradamente ao piso:
- Quando era morena, ninguém me ligava nenhuma, confessou a afortunada actriz!
Segundo as estatísticas as mulheres morenas inspiram confiança, sugerem competência, enquanto as loiras exalam feromonas pelo ar, as quais fazem disparar os GPS da maioria dos homens das redondezas.
Não me interpretem mal, eu não tenho nada contra as morenas, até as acho muito bonitas!
Mas olhem que quando era miúdo e, juntamente com os meus amigos, apreciava aqueles posters com as novas Bond Girls ou as coelhinhas do ano da Playboy, eu era o único que achava as morenas mais bonitas!
Mas acabei por casar com uma loira… (já percebem porque escrevi que a burrice é um mito?).
Talvez devido ao facto de ter tido a sorte de crescer mais do que um metro e meio, o que, considerando a estatura média do português da minha geração, já é suficiente para garantir segurança (pelo menos aparente) a uma mulher, ainda por cima loira! (Agora que estou a pensar nisso, acho a minha mulher mais segura do que eu… Se calhar fui eu que a escolhi por ser loira! Assim, enquanto os homens olham para ela não se metem comigo e eu passo mais despercebido, sem precisar de me armar aos cucos! Adiante…).
As estatísticas dizem igualmente que os casamentos com homens baixinhos duram mais tempo. Os altos divorciam-se com frequência e têm mais filhos!
Pudera, com as mulheres a repararem sempre neles, conseguem muito mais sexo, estão sempre a ser solicitados na rua por mulheres incapazes de resistir à sensação de segurança exalada pela sua enorme estatura e por isso divertem-se mais! Estão sempre a casar e a ter filhos!
Os baixinhos, quando têm a sorte de uma mulher engraçar com eles (geralmente morena), o melhor é atracarem-se a ela a vida toda. Lavarem sempre a loiça depois do jantar, deixarem a casa de banho impecável de cada vez que se esquecem de levantar a tampa de sanita e andarem sempre a dizer-lhes que são lindas e a trazerem-lhes presentes quando chegam do trabalho! Com a pouca procura que têm e o facto das gerações mais novas estarem cada vez mais altas, se perderem esta de certeza que não arranjam mais nenhuma!
Com estatísticas assim os pequeninos só têm que estar agradecidos com tudo o que conseguirem receber de uma mulher!
Não se importa de sair consigo? Está num dia de sorte.
Conseguiu levá-la para a cama? Acertou no euromilhões.
Aceitou casar consigo? Ponha-a num pedestal e adore-a reverencialmente, porque tão cedo não vai arranjar outra!
Ainda por cima é careca? Então que nunca lhe passe pela cabeça levar a sua mulher a um oftalmologista!
E sobretudo nunca, mas nunca mesmo, lhe apresente amigos altos e louros!
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