quarta-feira, 9 de abril de 2008
Desigualdades
Alguma vez num jantar de amigos em que o leitor estivesse presente, geralmente após despejarem algumas garrafas de vinho, veio à conversa a frequência sexual de cada um?
Este é um tema em que geralmente os homens gostam muito de se gabar. Mais do que as mulheres.
Para eles o sexo nunca é demais:
- Eu cá faço todos os dias, às vezes várias vezes ao dia… - É comum ouvir-se a muitos homens.
Saibam que os cientistas já dedicaram algum do seu valioso tempo a elaborar rigorosas estatísticas sobre a matéria e os resultados, como não podiam deixar de ser em matéria do foro sexual, são no mínimo surpreendentes.
Por iniciativa da marca de preservativos Durex levaram-se a cabo estudos aprofundados sobre a frequência sexual humana, os quais foram divulgados em 2000.
Segundo estes estudos as pessoas têm, em média, noventa e seis vezes sexo por ano. O que dá quase duas “quecas” por semana.
Curiosamente os homens dizem ter mais sexo do que as mulheres: 103 vezes por ano para os homens e apenas 88 para as mulheres…
Assim, estes resultados dão que pensar:
· Ou os homens andam a ter sexo uns com os outros (afinal de contas e segundo as estatísticas de Kinsey, há mais homossexuais masculinos do que femininos);
· Ou andam a contabilizar as sessões de masturbação, quando respondem aos inquéritos (o que também justificaria a diferença, porque de acordo igualmente com Kinsey, os homens masturbam-se mais do que as mulheres);
· Ou então são mais gabarolas do que as mulheres (o que, apesar das estatísticas, é a opção mais verosímil para quem já tenha alguma vez conversado com certos homens).
Não sei qual das respostas está correcta. O leitor escolha de acordo com a sua experiência e conhecimento dos seus semelhantes…
O grupo etário sexualmente mais activo, com 113 sessões de sexo por ano, é o dos 25 aos 34 anos, o que faz cair outro mito da sexualidade humana: a ideia que o pico da sexualidade masculina acontece aos 19 aninhos.
Na verdade e segundo estas estatísticas, a idade média para a perda da virgindade é aos 18 anos, pelo que os rapazes de 19, se estão no pico da sua sexualidade é pela falta de prática… sabendo-se que a menor frequência aumenta a intensidade da ejaculação!
A percentagem de inquiridos com sexo, pelo menos, uma vez por semana, foi de 57%. Ao passo que apenas 4% respondeu ter sexo todos os santos dias…
Outro dado curioso foi a divisão dos resultados por estado civil. O grupo mais activo é o das uniões de facto, com 146 sessões de sexo por ano, seguido dos casados com 98 e finalmente dos solteiros com apenas 49 sessões anuais (outro mito deitado por terra).
Por isso, caro leitor, se é solteiro, saiba que os outros é que se estão a divertir.
Mas se vive em união de facto que nem lhe passe pela cabeça casar e muito menos separar-se da sua companheira… Saiba que não vai conseguir melhor vida sexual do que a que tem agora!
O grupo etário dos 16 aos 20 anos afirma ter sexo 89 vezes por ano, um valor abaixo da média geral o que desmente claramente a ideia generalizada de que a juventude está perdida e completamente entregue à libertinagem! No entanto, se considerarmos que a maioria dos inquiridos destas idades será solteiro, o número obtido é de quase o dobro dos solteiros em geral… Assim se desmente categoricamente a ideia de que, quando se é adulto e solteiro, o sexo é sempre a aviar! Pelo contrário, os adultos solteiros são os que menos sexo têm, menos ainda do que os teenagers de 18 anos…
Finalmente, o número médio de parceiros, ao longo da vida sexual dos inquiridos, é de 8,2.
Estes dados foram recolhidos por todo o mundo, junto das regiões de maior densidade populacional, procurando, desse modo, dar uma perspectiva global da sexualidade humana.
Assim, caro leitor, já pode começar a fazer contas à vida.
Naqueles jantares em que os seus amigos se começam a gabar de serem autênticos vulcões sexuais, sempre prontos a entrar em erupção, já vai poder atirar-lhes à cara estas estatísticas e chamar-lhes mentirosos com todas as letras. Sobretudo se forem solteiros.
Por outro lado estes resultados mostram-se de grande utilidade para sabermos até que ponto estamos ou não, a ser enganados quanto à nossa vida sexual.
Se a sua frequência está abaixo da média obtida para o seu grupo etário, tem agora um argumento de peso para convencer a sua companheira de que lhe está a dever umas quantas sessões de sexo… O melhor é começar já a recuperar, pois quanto mais tarde mais difícil se tornará, e ninguém gostaria de bater a bota sabendo que a maioria dos seus amigos se divertiu mais, enquanto cá esteve, do que nós!
Mas se o leitor é daqueles que consegue bater as estatísticas, saiba desde já que isso não lhe vai trazer muitos amigos… E que se a sua companheira descobrir, vai sentir-se explorada e passar os próximos meses ou anos a atirar-lhe à cara que o leitor é um tarado!
Mas o dado mais significativo, para mim, destas estatísticas, é a enorme desproporção quanto à frequência sexual de cada um.
Se 57% tem sexo, pelo menos, uma vez por semana, isso significa que 43% não tem!
E o que dizer daqueles 4% que afirmam ter sexo todos os dias? Ou dos que vivem em união de facto e que têm 146 sessões de sexo por ano contra apenas 49 dos solteiros?
Ora atendendo à média geral de duas sessões de sexo por semana, há muita gente a divertir-se demais e outros tantos a ouvi-los divertirem-se…
Se está no segundo grupo então é altura de acordar para a realidade! Proteste, organize-se, leve a sua voz até às instâncias responsáveis! É injusto haver gente que passa a vida às cambalhotas enquanto você tem de contentar-se a ver a bola ou a telenovela.
O que faz o Governo pelos seus direitos? Nada, o direito ao sexo nem sequer está consagrado constitucionalmente!
Já é tempo de acabar com estas injustiças. Se o leitor quiser eu junto-me ao movimento e protestamos pelo défice na frequência sexual que atinge injustamente alguns cidadãos.
Afinal de contas a igualdade é um princípio constitucionalmente garantido!
Aqui deixo o repto: há que manifestarmo-nos pelo direito inalienável às duas “quecas” por semana!
Não se pode lançar estatísticas destas para a rua e depois esperar que o cidadão fique calado a ver os outros usurparem-lhe as sessões de sexo que são suas por direito!
A mim estão a dever-me algumas parceiras, de acordo com as estatísticas…
Vou já organizar uma petição à Assembleia da República!
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