quarta-feira, 9 de abril de 2008
Solteiros e Casados
Quem, entre os casados, nunca sentiu aquele ar sobranceiro com que alguns solteiros nos olham, como se fossemos seres verdes com antenas na cabeça, oriundos de um qualquer planeta situado numa galáxia muito, muito distante!
Parecem pensar: passa pela cabeça de alguém, no seu perfeito juízo, abandonar a vida de solteiro, para quem a cidade é uma verdadeira loja de doces à espera de serem provados a cada esquina, e dedicar-se a saborear apenas um rebuçado para o resto da sua vida?
O mito da boa vida dos solteiros popularizou-se primeiro entre os homens. Aquela imagem de playboy dos anos sessenta, qual James Bond de trazer por casa, cativou gerações atrás de gerações de rapazes, convictos de que a liberdade que lhes proporcionava a vida solteira era garantia absoluta de uma vida sexual de fazer inveja aos coitados dos casados, amarrados para todo o sempre a uma única mulher.
Mais tarde alargou-se às mulheres, muito por culpa de séries televisivas como “Sexo e a Cidade”. À mulher já não basta ser bonita e sensual, bem sucedida no emprego e totalmente independente financeiramente. Tem também de ser sexualmente livre, aproveitando o melhor que pode as inúmeras oportunidades que a vida lhe proporciona, com homens atrás de homens a adorá-la de uma forma sempre nova e romântica (se um desconhecido lhe oferecer flores… isso é Impulse!).
O casamento embrutece. Ao contrário da vida de solteiro que assegura uma elevada auto-estima, total liberdade para desfrutar tudo o que a vivência moderna e urbana proporciona e bem assim um maior desafogo financeiro, fruto da maior contenção de despesas que uma vida individual acarreta.
Em última instância a single life rejuvenesce, na medida em que perpetua o mito do jovem solteiro, bon-vivant sempre pronto para a paródia e para o romance. Sempre feliz e de bem com a vida, como aquelas personagens dos anúncios de máquinas de barbear…
No entanto nem tudo vai bem no paraíso.
A chegada à idade adulta e à tão almejada conquista de liberdade, sobretudo se for acompanhada de alguma liquidez financeira, pode causar efectivamente a sensação de que se chegou ao topo do mundo, de onde não se quer sair por nada.
Mas, ao entrarem nos trintas, a maioria dos solteiros começa a ter dúvidas…
Desde logo porque isto de se viver de caso em caso, em busca da sorte ao virar da esquina, para além de se tornar cansativo, é profundamente desgastante. É um constante stress em que o sexo casual, eventualmente, deixa de satisfazer.
Para que alguém se mantenha em forma e atractivo para estas excursões à loja dos doces (sobretudo a partir dos trintas), tem de investir muito em si mesmo. Manter uma elevadíssima auto-estima, frequentar o ginásio várias vezes por semana (que, além de servir para conhecer pessoas, permite-lhe igualmente esconder o efeito que os anos começam a deixar no corpo), gastar muito dinheiro em roupas e acessórios, frequentar a noite assiduamente e ainda assim arranjar tempo e disposição para investir na profissão, pois caso contrário não há “guito” que consiga financiar tamanha azáfama…
É extraordinariamente cansativo e dispendioso.
Na verdade o que a maioria dos solteiros acaba por fazer é dedicar-se ao trabalho e entregar à sorte a sua vida sexual. Pode ser que encontre a pessoa ideal, algum dia há-de acontecer, nem que seja aos 70 anos de idade!
Os casados, neste aspecto, são muito mais relaxados.
A barriguinha proeminente ou aquela celulitezinha nas pernas nunca foram impedimento para uma boa vida sexual…
Nem é preciso vestir Armani ou passar a noite a correr os “botecos” todos da cidade para conseguir levar a mulher para a cama.
São coisas que acontecem com naturalidade e, ao fim de alguns anos de intimidade, deixamos de reparar nelas.
Os casados são mais casuais nos seus relacionamentos, precisamente porque estão libertos daquela pressão horrível que os impele a ter de seduzir alguém se quiserem ter os pés quentes durante a noite!
Não quer isto dizer que tudo seja perfeito nos casamentos, ou que, para se ter uma vida sexual perfeita, baste aparecer lá por casa e refastelar-se no sofá a ver a bola, com uma cerveja numa das mãos e o comando da televisão na outra. Longe disso! É preciso investir na relação, manter acesa a paixão, cultivar o romantismo…
A diferença é que não é preciso fazê-lo todas as noites, o que, convenhamos, já alivia bastante o stress!
Sem contar com a tranquilidade emocional que o casamento, quando comparado com o safari diário dos solteiros, assegura.
Eu sei que alguns casais têm muito pouca tranquilidade e que nem tudo corre às mil maravilhas no reino matrimonial (por vezes voam tachos e panelas pela janela fora, geralmente para cima dos carros dos vizinhos estacionados em baixo).
Pois bem, esses eventos, que constituem a excepção na vida de casado, correspondem à regra na dos solteiros. É que por cada nova relação que romanticamente começam é necessário terminar a anterior… E todos sabemos como é que terminam as relações amorosas! Geralmente com telefonemas para o 112!
E sabem qual é a suprema ironia? É que, estatisticamente, os casados têm mais e melhor sexo do que os solteiros!
Um estudo da Universidade de Chicago concluiu que os casados têm sexo, em média, seis vezes por mês, enquanto os solteiros se ficam pelas quatro vezes!
E nem sequer é só mais sexo, dizem os estudiosos da matéria que também é melhor sexo… O sexo com intimidade é, em última análise, muito mais gratificante porque a outra pessoa já nos conhece perfeitamente e aceita-nos como nós somos (com o pneuzinho, a celulite e tudo o mais…).
Quanto maior for a intimidade e o relacionamento fora do quarto, melhor é a vida sexual, porque desaparecem os stresses, as pressões, as inseguranças e pode-se gozar o sexo com total entrega e simplicidade, cumprindo este uma função relaxante e de aproximação do casal.
A intimidade conjugal aumenta o prazer, precisamente porque é preciso muito tempo e investimento num vida sexual a dois para conseguir alcançar a total comunhão de interesses com a sua parceira ou parceiro!
Imaginem um homem que só gosta de fazer sexo em cima da mesa da cozinha enquanto a mulher prepara pastéis de bacalhau para o jantar.
Pronto são manias, cada um tem as suas…
Acham que logo ao primeiro encontro vai encontrar uma mulher disposta a satisfazer-lhe a sua fantasia sexual? Ou ao segundo, ou até ao terceiro?
Pelo que ouvi dizer só ao fim de quinze anos de casamento…
Subscrever:
Enviar feedback (Atom)
Sem comentários:
Enviar um comentário