quarta-feira, 9 de abril de 2008
Sexo e Política Económica
Não costumo trazer política para estas páginas, mas hoje não resisto à tentação.
Como muitos milhares de portugueses, vou começar este texto pela celebérrima e lusitana frase: “Se fosse eu que mandasse…”
Descansem que não me vou candidatar a nenhum cargo político, nem iniciar mais um abaixo-assinado contra o Governo. Pelo contrário, a minha abordagem política será de índole sexual, como convém à sede em que está inserida, e totalmente construtiva.
Não espero por isso que me perdoem a ousadia, mas tão-somente ganhar um lugar na posteridade, como o salvador da economia nacional (nem mais, nem menos!).
Passamos a vida a ouvir os nossos políticos apregoar novos planos milagrosos que ajudam a equilibrar a balança comercial ou as contas públicas, mas quase todos eles, para além de teimarem em não exibir resultados, acabam sempre por traduzir-se em maiores impostos, menos regalias e consequentemente, em dificuldades acrescidas para a maioria dos portugueses.
A minha proposta é diferente e revolucionária.
Os computadores já eram, por isso esqueçam o choque tecnológico que pretendia transformar Portugal na Irlanda e pôr-nos a todos a beber cerveja Guinness enquanto vendíamos software antivírus via Internet.
Somos um povo latino, de sangue quente na guelra. Não servimos para passar horas intermináveis em frente do computador a competir com nerds anglo-saxónicos ou indianos, discípulos directos de Bill Gates.
O macho latino gosta é de sexo (de gajas memo boas… como se costuma ouvir dizer). Por isso temos de arranjar uma maneira de aproveitar finalmente as nossas potencialidades, ganhando muito dinheiro no processo.
Sosseguem que não vou propor o Zezé Camarinha para Ministro da Educação, nem sugerir que cada português se passe a dedicar, nem que seja em part-time, a servir de acompanhante nocturno para as muitas turistas endinheiradas que nos visitam.
Aparentemente esse plano já está em prática há décadas e não me consta que tenha contribuído em muito para resolver os problemas estruturais da nossa economia (embora tenha conseguido colocar o Algarve na rota turística internacional… o seu a seu dono!).
A minha solução é muito mais simples e exequível. Está ao alcance de qualquer macho português dos 10 aos 100 anos e nem sequer envolve a vinda das inglesas ao nosso país, muito pelo contrário. A minha proposta é de levar a semente lusitana, de Camões, Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral, uma vez mais aos quatro cantos do mundo (que apesar de ser redondo, tem cantos, como toda a gente sabe, e são quatro…).
Confesso que a descoberta não é minha, mas dos americanos (que são gente metediça e que teima em descobrir tudo antes dos outros) mas ainda estamos muito a tempo de ganhar rios de dinheiro com ela, atentas as nossas reconhecidas e afamadas qualidades na matéria.
Já os deixei de água na boca, não foi? Tanto paleio e não há maneira de vender a banha da cobra… Pois aqui vai, sem mais demoras nem anestesia local:
- Vamos todos passar a encher frasquinhos de esperma e a exportá-los, com denominação de origem controlada e certificada!
Julgam que estou a brincar?
Eu não brinco com coisas sérias, e acreditem que não é para vender nas farmácias à laia de suplemento alimentar, conforme já tive ocasião de ventilar num enunciado anterior.
Para fins medicinais não há como o esperma fresco e acabado de colher, pelo que temos de continuar a fazer fé nas capacidades dos Zezés Camarinhas deste país para o necessário fornecimento, in loco, às estrangeiras que nos visitam com tais propósitos.
A minha ideia é diferente, mas com fins igualmente altruístas.
Sabem da importância da inseminação artificial nos tempos que correm. Em todo o mundo, milhões de casais tentam em vão ter filhos pelos métodos naturais, vendo-se obrigados a recorrer a dadores anónimos de esperma e à inseminação artificial para realizar os seus sonhos de paternidade e maternidade.
Pois bem, temos cinco milhões de portugueses, de origem controlada e pronta a ser certificada, na expectante condição de potenciais dadores internacionais de esperma.
Somos uma das mais antigas nações da Europa, com provas dadas num vasto passado que não nos cansamos de glorificar. Razões mais do que suficientes para valorizar a semente lusitana e cotá-la aos mais altos níveis nos mercados internacionais.
Os norte-americanos tomaram a dianteira do negócio e tornaram-se os principais exportadores de sémen do mundo, com vendas que ascendem já a cerca de cem milhões de dólares (sem contar com o produto doado pelos respectivos soldados e marinheiros em serviço além-mar).
Do que é que estamos à espera para colher a nossa fatia do bolo?
É preciso que alguém tenha a coragem necessária para apresentar estas propostas fracturantes da nossa sociedade, como meio de pressionar o poder político a tomar as iniciativas adequadas ao seu desenvolvimento.
Para que é que precisamos de petróleo quando temos cinco milhões de homens desejosos de colocar o seu tempo livre ao serviço dos mais altos interesses nacionais?
O nosso sémen é o nosso petróleo e estou ansioso para dar o meu contributo à proliferação e afirmação da raça lusitana, ao nível global.
Somos só cinco milhões, mas somos portugueses! Por isso não devemos ter dificuldades de maior em fertilizar meio mundo, como já provámos ser capazes no passado (com muito menos gente e com as dificuldades de transporte que existiam na altura…).
Mal vistos como estão os americanos, nesta altura do campeonato, não deve ser muito difícil roubar-lhes os clientes e alargar este mercado em constante crescimento.
Se for preciso até fazemos um desconto!
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