Um estudo de psicólogos da Universidade norte-americana de Indiana declarou que o ser humano continua a reagir como na pré-história quando escolhe um parceiro, com as mulheres a procurarem segurança e os homens companheiras com beleza física.
Esta conclusão faz-me pensar até que ponto sabemos escolher os nossos parceiros e de que forma essa escolha influencia, ou não, o insucesso gritante da instituição matrimonial, que tanta tinta faz correr nos tempos correntes.
Na verdade costuma dizer-se que o amor é cego… Com isto quer-se justificar a escolha dos menos dotados fisicamente no que às relações amorosas respeita, mas não poderá extrair-se desta máxima popular igualmente a conclusão de que o amor cega?
Quero dizer, quando enamorados, manteremos a objectividade suficiente na escolha da pessoa com quem nos relacionamos?
Será que todos se apercebem de que uma relação está condenada ao insucesso menos o casal apaixonado?
Mas, se estão apaixonados…
Ao cingirmos as nossas escolhas àquilo que o coração manda, provavelmente determinado por instintos biológicos que, desde sempre, acompanharam a condição humana, estamos a excluir a razão do processo electivo, o que de alguma forma é um contra-senso numa sociedade, em tudo o mais, profundamente racionalista no pensar e no agir …
Será possível conjugar os dois factores de eleição, razão e coração?
Poderemos, enquanto seres apaixonados, conservar a objectividade suficiente para, com alguma frieza, analisar as reais probabilidades de sucesso de uma potencial relação amorosa?
Para muitos parece-me sinceramente que não… Afinal de contas a taxa de insucesso nos casamentos é enorme e crescente e todos temos amigos que saltam de relação em relação, sempre com finais tristes, como se nada tivessem aprendido com as anteriores…
Depois de séculos em que a razão determinou as relações conjugais, normalmente ditada pelo juízo experiente dos progenitores, saltámos para o extremo oposto! A ditadura do amor e da paixão que, com a proverbial cegueira reconhecida pelo povo em toda a sua sabedoria, dita as malfadadas estatísticas de insucesso matrimonial…
Alguns dirão que vale a pena… que alguns meses ou anos de paixão valem bem um divórcio litigioso e avultadas pensões de alimentos. E quem sou eu para os contrariar… Como escreveu Fernando Pessoa, tudo vale a pena, quando a alma não é pequena!
Mas será de todo impossível viver, racionalmente, uma paixão? Não haverá uma forma segura de a viver? Um preservativo para os casamentos!
Provavelmente não, porque por muito que queiramos escolher, há sempre elementos aleatórios que intervêm no processo electivo e na forma como a vida acaba por tratar as nossas paixões…
Mas acredito sinceramente que alguma coisa pode ser feita para ajudar a sorte. Afinal há relações que a todos parecem condenadas ao insucesso e outras que parecem reunir os pressupostos para “viverem felizes para sempre”…
Mesmo com toda a ilusão encerrada nas aparências a compatibilidade é objectivamente avaliável após alguns meses ou anos de relacionamento, senão em termos definitivos, pelo menos em cálculo de probabilidades.
É a matemática aplicada ao casamento.
Quem souber fazer contas aposte com a certeza de ganhar…
Quem não souber não desespere… Há sempre a possibilidade de acertar no euromilhões!
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