sexta-feira, 25 de abril de 2008

A Tremura dos Quarenta


Afinal parece que a proverbial atracção dos homens de quarenta pelas raparigas de vinte não resulta de qualquer concupiscência adquirida com os cabelos brancos… É antes a simples constatação da sua incapacidade de acompanhar o ritmo das suas parceiras de quarenta!
Esta afirmação bombástica e polémica não é fruto de qualquer desejo secreto e irresistível de protagonismo mas a simples constatação dos factos vividos e presenciados quotidianamente.
Senão vejamos. Como estão a maioria dos casais à beira dos quarenta? Divorciados, respondem-me de pronto os leitores perspicazes e vividos, ávidos de refutar os meus sismáticos argumentos.
Certo, mas porquê? Qual a razão primordial que ataca indelevelmente os casamentos à beira dos quarenta?
A entrada nos entas é um marco na vida de um indivíduo. Basta fazer contas à vida… Quantos chegam aos oitentas? Muito poucos.
Afinal, parece que passei do meio do filme e continuo sem perceber nada da história…
Nos devaneios da adolescência imaginamos mundos e fundos para a nossa maturidade: riqueza, sucesso, reconhecimento, paixões… Um carro impossível de estacionar, um prémio Nobel da Física, uma vitória no Paris-Dakar. Uma marca fundamental para a nossa existência que se prolongue na História, per saeculo saeculorum…
Ao invés disso o que é que obtemos, na maioria dos casos?
Muitas contas para pagar, uma carreira sem perspectivas e uma gritante falta de paciência para quase tudo o que nos rodeia.
Como a maioria dos homens não tem dinheiro para comprar Ferraris ou disponibilidade para partir numa viagem sem data marcada para explorar o que resta da selva amazónica, as crises de meia-idade são geralmente resolvidas à custa de anti-depressivos!
Bem, pode-se sempre fazer blogues…
E será assim também com as mulheres?
Não há dúvida que apesar de belo e resistente, o sexo feminino não possui o dom da imortalidade, pelo que não vislumbro nenhuma razão para não passarem pelos mesmos dilemas de meia-idade masculinos.
Mas há uma diferença substancial. Enquanto os homens amuam, passam horas no computador ou a acabar com a (pouca) paciência dos que os rodeiam (principalmente das mulheres), a mulher madura não se entrega à depressão.
Numa atitude reveladora de inteligência, a solução feminina para a crise de meia-idade é muito mais positiva: ao invés de se entregar resignada à constatação da sua transitoriedade, parte em frente, em busca do tempo perdido, das coisas que ainda não fez mas gostaria de fazer. Investe em si, no seu aspecto físico, nas amizades que mantém e que constrói e até, por vezes, nos amores e paixões que não teve.
Não admira assim que os divórcios proliferem… Aos quarenta os homens (deprimidos) vitimizam-se, enquanto as mulheres desabrocham. Perdem os medos e os receios que povoaram a sua juventude a afirmam-se, independentes e seguras, na sua autononia, com pouca paciência para as crises existenciais dos maridos e muito mais interessadas em viver a vida madura na sua plenitude. Antes que seja tarde.
Ao homem restam então duas hipóteses.
Acertar o passo com a sua companheira e tentar tirar partido da nova “adolescência” do casal, o que implica uma vitalidade que geralmente já não possui.
Confessar-lhe a sua incapacidade para a acompanhar nos seus “roaring forties” e partir para outra viagem, de preferência com uma vintona de agenda social bem menos exigente e sequiosa do conforto e tranquilidade que a maturidade masculina lhe pode proporcionar.
Esta segunda hipótese, ainda que possa parecer atraente para muitos quarentões, revela contudo, após mais séria reflexão, pelo menos um insuperável dilema…
Se tudo correr bem também ela chegará aos quarenta. E se o homem de quarenta já não tem pedalada para acompanhar uma mulher da mesma idade, o que dizer do homem de sessenta?
E aos sessenta já não será fácil encontrar outra companheira nos vintes…
Será que ainda haverá paciência para os blogues?

Pansexualidades


Num episódio da divertida série “Sexo e a Cidade” a personagem Carrie, interpretada pela sedutora Sarah Jessica Parker, arranja um novo namorado mais jovem que, entre beijinhos e abraços, lhe confessa que antes dela viveu com um homem, com quem teve uma relação amorosa intensa e preenchida…
A heroína, carregada de remorsos pela sua “idade avançada” não lhe permitir viver a sexualidade com a liberdade da geração mais nova, decide relevar a estranha confidência, mas dá consigo a pensar como será possível competir com a experiência e permissividade dos mais novos…
Competir com outra mulher ainda vá lá… mas com outro homem! Qual é a mulher com estofo para isso…
Este divertido episódio revela um dos conceitos mais desconcertantes que, em matéria de sexualidade, tem surgido nos últimos anos: o da pansexualidade.
Elevado ao extremo o conceito da pansexualidade não se confunde de todo com a bissexualidade. Não se trata apenas de sentir atracção sexual por indivíduos de ambos os sexos… Isso seria demasiado convencional!
O pansexual vive a sua sexualidade sempre em busca de novas experiências. Não só gosta de homens e mulheres, como anseia por uma experiência transsexual, vive obcecado pelo erotismo de todas as raças e credos (preenche o imaginário com práticas sexuais exóticas, oriundas do Burkina Faso ou da Papua Nova Guiné), e com boa vontade encontra estímulos em qualquer coisa oriunda do reino animal, vegetal ou mineral!
Para os mais maduros, com maior poder de compra e sede de novidades que agitem a sua monótona existência, a oferta começa a ser completa, mesmo no nosso pacato país, habituado a consumir, em segunda mão, todas as novidades que vão surgindo lá por fora…
Os spas são pródigos na oferta de experiências pansexuais: desde as massagens de casal, protagonizadas por algum(a) indígena das índias ocidentais de tanga do tipo fio dental, capaz de elevar ao Olimpo o imaginário erótico do casal médio, até às terapias de vinho, que consistem em besuntar o paciente com uma pasta à base de mosto de uva, que apregoam possuir atributos medicinais e eróticos deslumbrantes, passando pelas massagens de chocolate, basicamente iguais às do vinho, mas em que a pasta usada é composta do mais fino chocolate suíço, branco, mestiço ou negro, à medida das fantasias sexuais de cada um…
As páginas cor-de-rosa dos jornais estão também recheadas de anúncios irrecusáveis de jovens (de ambos os sexos) que exalam exotismo até ao último poro, disponíveis para realizar as mais complexas fantasias pansexuais de escriturários (as) cinzentos(as), de óculos graduados e carteira recheada.
A pansexualidade é assim uma espécie de United Colors of Benetton do sexo… As olimpíadas radicais da sensualidade. Descubra os seus limites e depois tente superá-los!
Basicamente é o conceito de que não hei-de morrer sem experimentar… A maturidade consiste assim, para o pansexual, no acumular de experiências sem limite, sempre no vórtice inebriante da descoberta.
Chamem-me conservador, mas desconfio das potencialidades eróticas da uva ou do chocolate suíço…
É verdade que uma indiana de sari ou uma polinésia a dançar o hula-hula podem suscitar sensações interessantes sob o ponto de vista erótico, mas a diferença cultural é tal que tenho dúvidas, se algum dia chegasse a vias de facto, se não seria surpreendido pela rapariga a puxar-me o nariz ou as orelhas em busca de algum ritual erótico indígena de significado oculto… (como na anedota do swing com um casal de marcianos).
A magia do exotismo aplicado à sexualidade é capaz de gerar milagres, mas a radicalidade da experiência deixa-me sempre desconfiado se não irei acordar empalado nalgum ritual satânico ou circuncidado a sangue frio por algum indígena de longas barbas e uns ténis Nike comprados na feira do relógio!
É o peso da minha bagagem cultural e racionalista a funcionar…
Por isso fico desconcertado com algumas vocações pansexuais que vou vislumbrando à minha volta, designadamente no sexo oposto:
Haverá algo mais sensual do que um jovem dançarino indiano a cantar e a dançar numa daquelas produções típicas de Bollywood?
Um charrinho partilhado entre amigas não será capaz de gerar sensações indescritíveis, quebrar todas as barreiras culturais e levar à experiência sexual de uma vida, digna das orgias dionisíacas da sábia antiguidade clássica?
Um risquito de coca na companhia perfeita não causará orgasmos múltiplos, mesmo no meio de uma discoteca a abarrotar de gente, das mais variadas raças e confissões religiosas?
Quem sabe? A micro tecnologia de hoje é capaz de coisas fantásticas!...
Vejam os telemóveis…

Algo Onde Me Agarrar…



Apesar das dificuldades já relatadas na determinação exacta do que são características masculinas e femininas em termos estritamente biológicos, os antropólogos já dedicaram muito do seu tempo ao estudo da anatomia dos dois sexos e chegaram a algumas conclusões.
Para além das diferenças sexuais óbvias, os dois géneros parecem ter desenvolvido características anatómicas diversas, resultantes da divisão de tarefas que, biológica e socialmente, se foi consolidando entre eles.
Os homens eram primordialmente caçadores, pelo que nas suas características físicas predominam as capacidades atléticas. Já as mulheres desenvolveram características anatómicas adequadas às funções maternais, mas também às de recolectoras e organizadoras da vida social da comunidade.
O homem é inatamente mais forte, mais alto, mais curioso com a novidade, tem uma visão mais apurada e é mais ágil.
Já a mulher é mais robusta (na medida em que é mais resistente à doença, à mortalidade infantil, à deformação física congénita ou ao acidente), mais cautelosa, tem maior capacidade de verbalização e destreza manual.
São aptidões evidenciadas desde o nascimento e que se prolongam, geralmente, por toda a vida.
Ficamos assim a saber que algumas das características que tanto motivam divergências entre os sexos não são mais do que emanações biológicas e anatómicas de cada um.
Por exemplo, os homens, apesar de possuírem melhor visão do que as mulheres, são imensamente mais propensos a sofrer de anomalopia do que as mulheres. Quer isto dizer que têm muito maiores dificuldades em distrinçar as cores…
Fica assim explicada a razão pela qual as mulheres conseguem distinguir o carmim, o violeta, o bordeaux ou o cerise, entre muitas outras cores que eu, por ser homem, não faço a mínima ideia do que são ou como se chamam!
Por outro lado ficamos igualmente a saber que, biologicamente, as mulheres têm muito maior facilidade em verbalizar as suas ideias do que os homens. Pelo que a sua lendária capacidade de “dar à língua” é inata e componente essencial da sua feminilidade.
Também a tendência irresistível dos homens para mexer no que não lhes diz respeito fica justificada pela biologia. A atávica atracção exercida pelo comando da televisão ou pela mala das ferramentas, ainda que totalmente inconsequente em termos produtivos (a maior parte dos homens, onde humildemente me incluo, tem uma enorme capacidade para estragar quase tudo em que toca), é uma manifestação inequívoca da sua virilidade!
Ser homem é ser curioso e possuir uma enorme ânsia pela novidade tecnológica, seja ela o último modelo de automóvel ou de telemóvel, ou o brinquedo mais recente oferecido ao filho!
Perante a total indiferença suscitada na constância feminina.
Mas a biologia também nos diz que as mulheres possuem, em média, o dobro da gordura dos homens (25% do corpo feminino é composto por gordura, enquanto no homem a percentagem desce para cerca e 12,5%).
O célebre historiador grego Plutarco até relata um episódio macabro que atesta esta incontestável realidade. Parece que na Grécia antiga havia o hábito, aquando da cremação dos cadáveres, de juntar sempre uma mulher a cada dez cadáveres de homens. A gordura das carnes femininas garantia que a pira de corpos ardesse como uma tocha!
Mas a gordura feminina assegura igualmente uma maior resistência da mulher ao frio e à fome, demonstrando assim que, para a natureza, o papel reprodutor da mulher é muito mais importante do que o do homem.
Um homem sozinho pode fertilizar muitas mulheres ao passo que uma mulher sozinha não tem mais filhos pelo simples facto de viver rodeada de homens…
A anatomia humana garantiu assim que a mulher durasse mais, resistisse mais à doença, ao frio e à fome do que o homem, ao que parece perfeitamente dispensável para a sobrevivência da espécie…
A mulher é também menos propensa à depressão profunda e ao suicídio. As estatísticas demonstram que, apesar dos excessos do romantismo, continuam a ser mais os homens do que as mulheres a porem fim à própria vida.
A maior gordura das carnes é por isso uma característica marcadamente feminina, responsável pelas atraentes formas do corpo da mulher.
Razão tinha o povo quando, durante séculos, afirmou que gordura é formosura!
A pressão social exercida sobre as mulheres, no sentido de contrariarem a sua tendência natural para acumular gordura, parece ser um contra-senso que não só põe em causa a sua inata resistência natural, como as torna cada vez menos femininas, no sentido em que as priva das suas formas tradicionais, que tão bem as promoveram junto dos homens ao longo da história da humanidade.
Por isso aqui fica a minha apologia da gordura feminina.
Além de encher muito mais a vista ao homem, sempre proporciona algo onde me agarrar… cada vez mais necessário com o passar dos anos!

quarta-feira, 9 de abril de 2008

Lobbies


Excepcionalmente vou publicar um texto que não é sobre sexo. Perdoem-me os puristas mas não resisto à tentação (será vaidade?)...
Uma reportagem recentemente exibida pelo The Daily Show, noticiário sarcástico apresentado por Jon Stewart, da responsabilidade da correspondente Samantha Bee e donominada “Wait And Switch”, chamou a minha atenção para um fenómeno da política moderna com contornos dignos dos maiores mestres do surrealismo: o funcionamento dos lobbies no Congresso dos Estados Unidos.
Lobby, em inglês, significa a divisão de entrada num edifício. Politicamente denomina um conjunto de interesses que pressiona os núcleos de poder político para favorecerem determinada empresa ou grupo de pessoas.
Etimologicamente a expressão parece decorrer precisamente dos espaços de entrada nos edifícios públicos onde, tradicionalmente, se juntavam os peticionários, em representação dos mais variados interesses, antes de conseguirem contactar o político capaz de os promover.
Vestígio de um passado situado nos primórdios da democracia, não acha?
Longe disso.
Saiba que é prática corrente no Congresso norte-americano fazerem-se filas com centenas de metros, horas antes da abertura dos respectivos serviços, para se apresentarem petições aos congressistas destinadas a promover os interesses de determinada empresa ou associação.
Mas mais caricato ainda do que a manutenção deste sistema arcaico é o facto de os peticionários serem essencialmente desempregados ou indivíduos de parcos recursos que, em busca de melhores meios de subsistência, se prestam a permanecer longas horas no lobby do Congresso a marcar vez para as poderosas empresas de lobbying sedeadas na capital norte-americana.
Em troca de quantias que rondam os 50 dólares por hora, estes peões do lobbying norte-americano acampam à porta de um determinado congressista, com os seus fatos de treino de marca (afinal de contas a receberem 50 dólares por hora de trabalho, não vivem tão mal quanto isso…), marcando a vez para que, à hora marcada, o tubarão vestido num fato Armani e enviado por uma poderosa firma de lobbying, chegue e seja logo atendido pelo congressista pretendido!
De tal modo esta prática parece chocar os dignos representantes eleitos do povo norte-americano, que foi apresentada uma proposta no Congresso, liderada designadamente pelo congressista do Estado do Tennessee, Steve Cohen, no sentido de a proibir, obrigando a que seja o próprio peticionário e não um pobre diabo, contratado a 50 dólares por hora à porta do Congresso, a permanecer as longas horas na fila.
Escusado será dizer que a proposta obteve forte oposição, não apenas das poderosas empresas de lobbying (que se vêem assim obrigadas a dispor de longas horas de trabalho, provavelmente pagas a valores bem mais significativos do que os 50 dólares por hora, de um importante representante, parado e inactivo à porta dos congressistas) como dos desempregados de Washington que se veriam desta forma privados da sua principal fonte de rendimentos…
Confesso que, após ver esta reportagem, fiquei com uma cara de parvo a pensar no que será mais idiota no meio de toda esta história: se o facto de uma das mais importantes economias dos mundo ainda não ter descoberto que há outras formas de apresentação de petições, para além da oral, se a “inocência” do Congresso norte-americano em acreditar que acaba com os lobbies obrigando os seus representantes a permanecerem longas horas na bicha!
Se quanto ao primeiro aspecto Portugal está quase na mesma, afinal de contas ainda é preciso levantar-se às 6 da manhã e passar longas horas na bicha do posto de saúde para marcar uma consulta médica ou obter uma simples receita para uma Aspirina (apesar dos enormes esforços desenvolvidos em prol dos utentes pelos lobbies farmacêuticos…). Já no segundo estamos muito mais evoluídos do que os americanos. Ninguém acredita no poder dissuasor das bichas. A maioria dos organismos públicos facilita o mais que pode o trabalho dos lobbies, recebendo-os individual, pessoalmente e em hora marcada no conforto e privacidade dos seus gabinetes, poupando desta forma longas horas de trabalho aos grupos em questão (com indiscutíveis benefícios para a economia nacional).
Ainda assim os americanos mostram um pragmatismo assinalável no tratamento da matéria.
Incapazes de acabar com o fenómeno do lobbying decidiram institucionalizá-lo. Não vale a pena andarmos todos a reunir às escondidas, em gabinetes escuros e desconfortáveis, promovendo interesses privados em nome da democracia. O melhor é pormos logo tudo às claras: legitime-se o negócio e marque-se horas decentes para o seu exercício (logo de manhãzinha de preferência, para começarmos todos melhor o dia).
Washington está pejado de firmas de lobbying. A maior, denominada Interpublic Group of Companies, Inc., movimenta cerca de 300 milhões de dólares por ano, num negócio em que só as dez maiores empresas do mercado facturam cerca de 1.300 milhões de dólares.
Uma actividade perfeitamente legítima, com descontos para a previdência, IRS e tudo… Até possuem um site onde, simpática e esclarecedoramente, explicam o modo de funcionamento do negócio, curiosamente denominado publicintegrity.org (integridade pública) – e presumo que não estavam a querer ser sarcásticos!
Segundo esta organização “Center for Public Integrity”, mais de 22.000 organizações e empresas deram trabalho, desde 1998, a 3.500 empresas de Lobbying, as quais empregam mais de 27.000 pessoas!
Entre os seus clientes figuram nomes como a Câmara de Comércio Norte-Americana com gastos na ordem dos 200 milhões de dólares anuais em lobbying, a American Medical Association (92 milhões) ou empresas como a General Electric (94 milhões), a General Motors (48 milhões) ou a AT & T (53 milhões), numa lista onde figuram ainda em destaque a National Rifle Association of America ou a American Israel Public Affairs Committee.
E quem são os profissionais do lobby, junto do poder político norte-americano?
Não podemos esquecer que se trata de uma actividade regulamentada, precisamente para evitar abusos e situações menos claras. Por isso o Lobbying Disclosure Act de 1995 regula de forma rigorosa o acesso e exercício da actividade de lobbying.
Por exemplo ex-membros do Governo ou do Congresso não podem estar ligados ao lobbying… senão um ano após cessarem funções! Mas os seus familiares podem fazer lobbying em qualquer altura! Mesmo quando o pai, a mãe, o marido ou a mulher exercem funções públicas…
Ainda segundo o denominado Centro de Integridade Pública há cerca de 2.200 ex-funcionários federais a trabalhar em empresas de lobbying, entre eles 273 ex-funcionários da Casa Branca e 250 ex-Congressistas, isto só desde 1998!
É verdade que as empresas de lobbying não podem oferecer presentes aos membros do Governo ou Congresso de valor superior a 100 dólares por ano, nem viagens (embora possam viajar com eles e tratar-lhes das marcações de avião, hotel, etc). No entanto podem prestar os seus serviços aos políticos liderando, financeiramente, as suas campanhas eleitorais.
Assim, e só desde 1998, os profissionais de lobbying lideraram financeiramente mais de 800 campanhas eleitorais nos Estados Unidos, garantindo mais de 525 milhões de dólares de financiamento!
Não há nada como ser claro para evitar mal-entendidos!
As empresas de lobbying dão-se ao luxo de apresentar a legislação já elaborada ao respectivo congressista (que assim poupa precioso dinheiro ao Estado e contribuintes, não carecendo de contratar juristas para a sua redacção…).
Na Europa a moda parece começar a pegar. Para além do Reino Unido, onde existe uma tradição e actividade do lobbying aproximada à norte-americana (ressalvando as devidas proporções em volume de negócios…), há uma base de dados em Bruxelas e Estrasburgo que contém os registos de cerca de 5.000 profissionais do lobbying europeus (entre os quais figura um único consultor português… Joaquim Lampreia, da Omniconsul, um homem à frente do seu tempo!). Mas algumas fontes falam de mais de 15.000 grupos de pressão, dos quais cerca de 2.600 já teriam instalações permanentes em Bruxelas e Estrasburgo.
Os novos membros da União Europeia apressaram-se a adaptar-se ao desafio da sua integração no mercado único europeu, copiando o modelo norte-americano e legitimando o negócio dos lobbies, submetendo-o ao registo prévio e oficial. Países como a Geórgia, a Lituânia, a Polónia ou a Hungria já fizeram aprovar legislação sobre o lobbying, permitindo o registo de empresas que, profissionalmente, se dediquem ao mandato de influência junto do poder político.
Por isso parem de acusar o Governo norte-americano de proteger os interesses internacionais dos seus grandes grupos económicos, da indústria de armamento ou dos israelitas no médio-oriente.
Isso só revela a total ignorância dos contestatários face ao funcionamento de um regime verdadeiramente democrático!
Os americanos nada têm contra os árabes ou outros estrangeiros. Trata-se de uma mera relação contratual sinalagmática: o poder público norte-americano está ao serviço de quem lhe paga.
A nova ordem mundial afinal é muito mais simples de compreender e manipular. Basta levantar-se cedo, esperar umas horas na bicha e defender intransigentemente os seus interesses, de preferência com alguns milhões de dólares no bolso…
Vai ver que consegue milagres!

A Virtude Feminina


Já tive ocasião de tecer, num texto anterior, algumas considerações acerca da promiscuidade feminina.
Segundo alguns antropólogos não há, aparentemente, razão nenhuma para que a mulher seja menos promíscua do que o homem, de acordo com os estudos levados a cabo com outros mamíferos, os parentes mais próximos do homem no reino animal.
Porém e segundo outras fontes antropológicas, existem diferenças significativas no comportamento sexual das fêmeas em várias espécies de símios recentemente observadas em maior pormenor.
Não foram propriamente observadas práticas de monogamia, mas algumas espécies, como o gorila, parecem cultivar um comportamento sexual pouco promíscuo, enquanto noutras, como o chimpanzé, a promiscuidade feminina é acentuada, permitindo as fêmeas a prática de cópulas sucessivas com diversos machos.
Como se integrará então a espécie humana nesta escala da promiscuidade simiesca?
Será a mulher tendencialmente monogâmica como as gorilas fêmeas, ou poligâmica e promíscua como as “senhoras” chimpanzés?
Segundo alguns especialistas citados por Desmond Morris, na sua obra “Os Sexos Humanos”, existe uma relação directa entre a promiscuidade das fêmeas e o tamanho dos testículos dos machos.
Quanto mais promíscuo for o comportamento sexual da fêmea, maiores são os testículos do macho, como forma de assegurar a sua fertilização em feroz concorrência com os outros machos.
Na verdade, uma espécie pequena como o chimpanzé, possui testículos quatro vezes maiores do que o gorila, que tem o quádruplo do seu peso!
Testículos maiores asseguram ejaculações maiores, o que evidencia uma luta enorme pela fertilização das fêmeas entre os chimpanzés, ao contrário dos gorilas que se mostram muito avessos à competição sexual.
O homem possui testículos maiores do que o gorila, mas muito mais pequenos do que o chimpanzé.
Assim se depreende que as fêmeas humanas deveriam ter, nos primórdios da evolução da espécie, um comportamento sexual muito menos promíscuo do que o das fêmeas chimpanzé, mas seguramente menos monogâmico do que o das suas congéneres gorilas.
Ficariam pois numa escala intermédia, não totalmente monogâmicas mas também pouco adeptas do sexo sucessivo e em grupo.
Esta conclusão acaba por ser reconfortante para os homens.
É que a proeminência do órgão sexual masculino parece estar directamente relacionada, segundo as regras da natureza, com a infidelidade feminina.
Quanto maior o pénis e os testículos do macho mais infiéis as fêmeas… funcionando a sua maior dimensão como meio da natureza assegurar a continuidade da espécie, na acesa concorrência sexual entre os machos.
Maiores testículos produzem uma maior quantidade de esperma, enquanto pénis maiores aumentam as hipóteses de fertilização, porquanto o sémen será colocado bem no interior da vagina, aumentando as probabilidades de concepção.
O homem deveria assim ficar orgulhoso da pequenez do seu falo! Ela só abona o comportamento moral das suas mulheres.
Afinal de contas, e segundo as novas teorias sobre o comportamento sexual inato das mulheres, as fêmeas humanas não são tão promíscuas quanto isso… quando comparadas com as chimpanzés, por exemplo.
E a prová-lo estão os pénis pequenos e os minúsculos testículos dos seus companheiros.
As coisas que se aprendem a olhar para os testículos dos macacos…
Aparentemente são a melhor prova da virtude das mulheres!

Dito e Feito


Depois da minha exaltação patriótica anterior decidi arregaçar as mangas e lançar mãos à obra neste novo desígnio nacional, capaz de catapultar a nossa economia para níveis nunca antes alcançados.
Por isso decidi investigar o que é necessário para aproveitar os nossos recursos seminais e colocá-los ao serviço dos mais altos interesses públicos.
Como os americanos é que inventaram o negócio, decidi copiar um bocadinho e ver como é que eles fazem (para depois poder melhorar o método, antes de o implementar de norte a sul do país, claro está…).
Parece que em primeiro lugar é preciso um banco de esperma…
Bom, eu preferia fazer o trabalhinho no conforto do meu lar, que tão boas recordações me traz… mas pronto, se o interesse nacional assim o exige, também não deve ser muito difícil abrir mais uns bancos por todo o país (ao ritmo que têm aberto nos últimos anos até poderíamos aproveitar alguns dos balcões semi-desertos que por aí há… sempre lhes dávamos alguma coisa para fazer).
Até me admira que os bem pagos administradores do pujante sector bancário nacional não se tivessem lembrado disso… Devem andar todos distraídos com a crise do BCP, a fusão deste com o BPI e as entrevistas do Joe Berardo.
Depois de encontrado o banco de esperma é preciso preencher determinados critérios de admissão, a saber:
a) ter entre 18 e 34 anos (pronto, já me estragaram o negócio…);
b) ter mais de 1,80 m (devem estar a gozar…);
c) não ter excesso de peso (estamos a falar de americanos?!);
d) possuir uma licenciatura (querem ver que é preciso um curso superior para acertar no frasquinho…);
e) nunca ter tido doenças como a hepatite B, C, HIV, herpes genital, ébola e outras coisas más;
f) ter sexo masculino.
Desculpem o desabafo (em estilo Gosciniano e dedicado aos amantes da 9ª arte), mas estes americanos são doidos!
Indicar nos requisitos que é obrigatório ter sexo masculino parece-me um pouco supérfluo. Mas enfim, eu não sei que género de raparigas é que eles têm lá nos States…
Não ter tido doenças mazinhas, até me parece razoável. Agora ter mais de 1,80m e uma licenciatura! Isto parece uma forma de açambarcarem o negócio só para eles…
Mas parece que não. Que os casais que se inscrevem nesses bancos, dispostos a adquirir esperma para inseminação artificial, não querem comprar artigo de segunda qualidade… Só lhes interessa sémen de doutores e com mais de um metro e oitenta!
Enfim… americanices.
Eu acho que, por cá, não era preciso ser tão exigente.
Qualquer português com mais de um metro e meio e a 4ª classe bem tirada já metia os doutores americanos todos num canto. E como aquilo vai tão bem embrulhado no frasquinho… (até podíamos pôr um daqueles tecidos garridos como nos frascos de compota da quinta, à laia de produto biológico) ninguém sabe.
Como o dador é anónimo, não me parece um problema à altura da iniciativa nacional.
Como é costume, a gente desenrasca-se. Põe-se lá a dizer que preenche os requisitos e depois eles que reclamem, se quiserem!
O passo seguinte é fazer três doações, para eles investigarem o conteúdo do esperma: contarem os espermatozóides, averiguar se são bons nadadores, como é que reagem ao transporte no frio, se são bem feitinhos e ficam bem no retrato… enfim, essas mariquices todas.
Ao que parece rejeitam entre 50 e 90% dos candidatos nesta fase.
Mas isto é com dadores americanos… Tenho a certeza que os portugueses se safavam muito melhor. Olha espermatozóides para nós… aquilo é sempre a aviar!
O quarto passo é a análise da história clínica da família até à quarta geração.
Estes tipos são uns brincalhões, só pode…
Tomara nós que a funcionária da caixa encontre a nossa ficha e um médico de família para nos atender, quanto mais arranjar relatórios com o historial médico do meu tetravô!
Sei lá eu sequer, se tive tetravô! Quanto mais se ele sofria de gosma ou tinha bicos de papagaio…
Não senhor! Cá em Portugal vigora o Simplex… leva-se um atestado médico passado pelo médico de família (se não tiver nenhum, como acontece com muitos milhares de portugueses, pode sempre pedir um atestado na junta de freguesia, com o carimbo de dois comerciantes da terra) comprovando que sempre foi um rapaz saudável e amigo do seu amigo… E chega!
Era o que faltava, virem agora os americanos impingir-nos mais burocracias.
De seguida há que fazer um exame médico completo, com análises ao sangue e à urina (passamos a vida com o frasquinho atrás…), o qual se mantém periodicamente durante o tempo em que fizer depósitos. Se passar sempre nos testes pode continuar a depositar.
Finalmente assina-se um contrato que:
a) Declina quaisquer direitos sobre os filhos concebidos com o esperma entregue, o qual permanecerá anónimo;
b) Obriga à frequência de um programa de 6 meses a 3 anos, durante o qual temos de nos manter de boa saúde e reportar qualquer doença que eventualmente surja;
c) Obriga à abstinência sexual (de qualquer género, incluindo o onanístico) durante os cinco dias que antecedem cada depósito;
d) Limita a utilização do esperma depositado à concepção de 10 filhos, após o que somos colocados fora do mercado.
Mais burocracias, querem eles dizer…
A primeira obrigação não oferece obstáculos de maior. Se eu quisesse ter mais filhos não ia depositá-los ao banco!
Para me obrigarem à segunda e à terceira teriam de colocar um polícia 24 horas atrás de mim, pelo que estarem lá no contrato ou não estarem, é igual ao litro…
A quarta também não me tira o sono. Do modo como funcionam os nossos serviços de saúde, quando eles se apercebessem de quantos filhos tinham sido concebidos com os meus depósitos já me estavam a dever para cima de um dinheirão… E eu guardava os talõezinhos de depósito todos, pois nunca se sabe o dia de amanhã!
Pronto, agora só falta receber.
Os preços podem rondar os 200 dólares por semana, o que, sem ser nenhuma fortuna, sempre paga a prestação do carro… (ainda assim fica abaixo do valor pago por idêntica quantidade de sémen de um boi premiado, o que dá que pensar quanto à hierarquia de valores vigente na nossa sociedade!).
Agora que já sabem como é que a coisa funciona, só falta implementá-la entre nós.
Fica aqui o repto lançado aos políticos deste país.
Como eu, arregacem as mangas e ponham o meu plano de salvação nacional em marcha.
Estão muitos milhões de portugueses, com as calças em baixo, à vossa espera.

Sexo e Política Económica


Não costumo trazer política para estas páginas, mas hoje não resisto à tentação.
Como muitos milhares de portugueses, vou começar este texto pela celebérrima e lusitana frase: “Se fosse eu que mandasse…”
Descansem que não me vou candidatar a nenhum cargo político, nem iniciar mais um abaixo-assinado contra o Governo. Pelo contrário, a minha abordagem política será de índole sexual, como convém à sede em que está inserida, e totalmente construtiva.
Não espero por isso que me perdoem a ousadia, mas tão-somente ganhar um lugar na posteridade, como o salvador da economia nacional (nem mais, nem menos!).
Passamos a vida a ouvir os nossos políticos apregoar novos planos milagrosos que ajudam a equilibrar a balança comercial ou as contas públicas, mas quase todos eles, para além de teimarem em não exibir resultados, acabam sempre por traduzir-se em maiores impostos, menos regalias e consequentemente, em dificuldades acrescidas para a maioria dos portugueses.
A minha proposta é diferente e revolucionária.
Os computadores já eram, por isso esqueçam o choque tecnológico que pretendia transformar Portugal na Irlanda e pôr-nos a todos a beber cerveja Guinness enquanto vendíamos software antivírus via Internet.
Somos um povo latino, de sangue quente na guelra. Não servimos para passar horas intermináveis em frente do computador a competir com nerds anglo-saxónicos ou indianos, discípulos directos de Bill Gates.
O macho latino gosta é de sexo (de gajas memo boas… como se costuma ouvir dizer). Por isso temos de arranjar uma maneira de aproveitar finalmente as nossas potencialidades, ganhando muito dinheiro no processo.
Sosseguem que não vou propor o Zezé Camarinha para Ministro da Educação, nem sugerir que cada português se passe a dedicar, nem que seja em part-time, a servir de acompanhante nocturno para as muitas turistas endinheiradas que nos visitam.
Aparentemente esse plano já está em prática há décadas e não me consta que tenha contribuído em muito para resolver os problemas estruturais da nossa economia (embora tenha conseguido colocar o Algarve na rota turística internacional… o seu a seu dono!).
A minha solução é muito mais simples e exequível. Está ao alcance de qualquer macho português dos 10 aos 100 anos e nem sequer envolve a vinda das inglesas ao nosso país, muito pelo contrário. A minha proposta é de levar a semente lusitana, de Camões, Vasco da Gama ou Pedro Álvares Cabral, uma vez mais aos quatro cantos do mundo (que apesar de ser redondo, tem cantos, como toda a gente sabe, e são quatro…).
Confesso que a descoberta não é minha, mas dos americanos (que são gente metediça e que teima em descobrir tudo antes dos outros) mas ainda estamos muito a tempo de ganhar rios de dinheiro com ela, atentas as nossas reconhecidas e afamadas qualidades na matéria.
Já os deixei de água na boca, não foi? Tanto paleio e não há maneira de vender a banha da cobra… Pois aqui vai, sem mais demoras nem anestesia local:
- Vamos todos passar a encher frasquinhos de esperma e a exportá-los, com denominação de origem controlada e certificada!
Julgam que estou a brincar?
Eu não brinco com coisas sérias, e acreditem que não é para vender nas farmácias à laia de suplemento alimentar, conforme já tive ocasião de ventilar num enunciado anterior.
Para fins medicinais não há como o esperma fresco e acabado de colher, pelo que temos de continuar a fazer fé nas capacidades dos Zezés Camarinhas deste país para o necessário fornecimento, in loco, às estrangeiras que nos visitam com tais propósitos.
A minha ideia é diferente, mas com fins igualmente altruístas.
Sabem da importância da inseminação artificial nos tempos que correm. Em todo o mundo, milhões de casais tentam em vão ter filhos pelos métodos naturais, vendo-se obrigados a recorrer a dadores anónimos de esperma e à inseminação artificial para realizar os seus sonhos de paternidade e maternidade.
Pois bem, temos cinco milhões de portugueses, de origem controlada e pronta a ser certificada, na expectante condição de potenciais dadores internacionais de esperma.
Somos uma das mais antigas nações da Europa, com provas dadas num vasto passado que não nos cansamos de glorificar. Razões mais do que suficientes para valorizar a semente lusitana e cotá-la aos mais altos níveis nos mercados internacionais.
Os norte-americanos tomaram a dianteira do negócio e tornaram-se os principais exportadores de sémen do mundo, com vendas que ascendem já a cerca de cem milhões de dólares (sem contar com o produto doado pelos respectivos soldados e marinheiros em serviço além-mar).
Do que é que estamos à espera para colher a nossa fatia do bolo?
É preciso que alguém tenha a coragem necessária para apresentar estas propostas fracturantes da nossa sociedade, como meio de pressionar o poder político a tomar as iniciativas adequadas ao seu desenvolvimento.
Para que é que precisamos de petróleo quando temos cinco milhões de homens desejosos de colocar o seu tempo livre ao serviço dos mais altos interesses nacionais?
O nosso sémen é o nosso petróleo e estou ansioso para dar o meu contributo à proliferação e afirmação da raça lusitana, ao nível global.
Somos só cinco milhões, mas somos portugueses! Por isso não devemos ter dificuldades de maior em fertilizar meio mundo, como já provámos ser capazes no passado (com muito menos gente e com as dificuldades de transporte que existiam na altura…).
Mal vistos como estão os americanos, nesta altura do campeonato, não deve ser muito difícil roubar-lhes os clientes e alargar este mercado em constante crescimento.
Se for preciso até fazemos um desconto!

Desejos de Grávida


Um dos negócios que mais me surpreende, relativamente ao sexo, é o das linhas eróticas.
Chamem-me incrédulo, mas para me porem em ponto de rebuçado, preciso de ver qualquer coisa…
Isto de me estarem a segredar ao ouvido ordinarices até pode ser engraçado se a autora dos impropérios estiver sentada ao meu lado, de preferência com uma mini-saia vestida (ou despida, tanto faz…).
Agora ao telefone, fico sem saber se os meus estímulos são justificados ou não! Sei lá quem é que está do outro lado a preencher as minhas fantasias… Até pode ser uma velha desdentada com um bigode de fazer inveja ao Jorge Gonçalves, ex-presidente do Sporting, famoso pelo seu farto apêndice para pendurar balões…
Mas reconheço que nesta matéria estou em minoria.
As linhas eróticas proliferam por todo o mundo, constituindo um negócio de milhões de euros, que paga sem dificuldades anúncios na televisão de vários minutos, que só não são no horário nobre porque a maioria das legislações não o permite.
Homens de todas as nacionalidades e credos gastam fortunas em chamadas eróticas de valor acrescentado em busca de alguma companhia estimulante para os seus prazeres privados e onanísticos.
E como, apesar dos novos telemóveis já incluírem o processamento de imagem, a maioria dessas linhas ainda não aderiu à tecnologia de terceira geração, o serviço erótico telefónico está ao alcance de qualquer mulher de voz doce e melodiosa, independentemente da idade, aspecto físico, higiene pessoal ou estado de saúde.
Não é preciso gastar dinheiro em operações plásticas, roupas provocantes ou sapatos de salto alto. Na verdade o investimento é mínimo e ao alcance de qualquer bolsa, mesmo das menos endinheiradas… basta possuir um telefone (objecto corriqueiro nas casas modernas) e estar disposta a permanecer até altas horas da noite a usá-lo (prática na qual as mulheres são exímias mestres).
E sem quaisquer riscos de contrair doenças sexualmente transmissíveis.
Com postulados tão simples e atractivos não admira que o negócio floresça.
Aliás qualquer homem de voz fininha pode experimentar, com sucesso, este part-time, que lhe permitiria, no conforto do seu sofá e enquanto vê a bola, angariar mais uns cobres para as despesas mensais e ainda ganhar umas histórias para contar aos amigos em dia de festa.
(O pior é se forem os amigos a ligar-lhe…).
À mulher mais atarefada com os afazeres domésticos bastará arranjar um daqueles dispositivos mãos-livres à venda em qualquer grande superfície comercial, para poder complementar substancialmente os seus rendimentos, trabalhando em casa enquanto faz o jantar, limpa o pó ou arruma os quartos.
Um achado, este negócio das linhas eróticas.
Eu já sabia que os homens se satisfaziam com pouco no que ao sexo respeita, bastando uma mulher segredar-lhe ao ouvido meia dúzia de palavrões, para lhes realizar uma fantasia sexual.
O que eu não sabia é que este achado também funcionava com as mulheres…
É verdade que há linhas eróticas para elas, geralmente anunciadas com homens musculosos e de tanga nas páginas cor-de-rosa dos jornais.
Porém sempre pensei que tais linhas se dirigissem sobretudo ao público homossexual masculino e que motivassem pouco mais do que indiferença às mulheres.
Parece, afinal, que não há nada como experimentar…
No Estado norte-americano da Pensilvânia funcionou durante anos a fio uma linha SOS Grávida, supostamente para aconselhar as pré-parturientes quanto à opção de abortarem bem como sobre os cuidados a seguir durante a gravidez.
Sucede que esse número, ao invés de dar conselhos pré-natais, estava redireccionado para uma linha erótica feminina…
Em vez de uma enfermeira de voz grossa e autoritária, as grávidas carregadas de dúvidas ouviam um homem sedutor que as convidava a passar um bom momento na sua companhia mediante a módica quantia de 3 dólares por minuto!
Foi um sucesso!
Em vez de desligarem, as grávidas ficavam eternidades ao telefone com o simpático operador especialista que, provavelmente atento às características específicas das suas ouvintes, as deliciava com palavreado erótico pré-natal de índole requintada e sensual.
Uma vez descoberto o esquema indagaram o responsável estadual da saúde sobre o sucedido. Inquirido sobre as razões porque tal foi possível, deu uma resposta que não podia ser mais elucidativa:
-“Nós não sabíamos… Ninguém nos telefonou a apresentar queixa”!
Passaram-se seis anos até que alguém denunciasse o caso às autoridades! (presumo que alguma empresa rival, protestando contra a concorrência desleal, para grande tristeza das grávidas da Pensilvânia e arredores).
Já tive ocasião de me pronunciar sobre um fenómeno a que, muito adequadamente, denominei “hormonas em sobressalto” das grávidas.
Fica aqui a prova provada de que tinha razão!
Chamo a atenção das ginecologistas de todo o mundo para a necessidade de alertarem as suas pacientes para esta nova e revolucionária descoberta científica relativa ao período expectante da mulher.
Entre outros desejos mais convencionais (tais como comer bolas de Berlim com creme acompanhadas de pezinhos de coentrada à alentejana) a mulher grávida pode sentir um desejo incontrolável de ligar para uma linha erótica, sobretudo se o marido for daqueles que fica todo enxofrado com a proeminente barriga da pré-puérpera.
Resta saber se são só as grávidas…

Rapidinhas e Profiláticos


Num texto anterior já tive ocasião de me debruçar sobre a sempre interessante e controversa temática do tamanho do pénis.
Já sabemos que ninguém quer ficar abaixo da média e que um pénis pequeno, embora perfeitamente capaz de desempenhar com brilhantismo a sua missão na sexualidade humana, é motivo de grandes preconceitos por parte de homens e mulheres.
Curiosamente, estudos recentes, levados a cabo por empresas fabricantes de preservativos, parecem concluir que os pénis andavam mal medidos…
Na verdade, as últimas medições andam a retirar preciosos centímetros à dimensão média do pénis humano, o que alivia muitas consciências mas parece complicar o sono daqueles encarregues de os vestir nos momentos mais íntimos.
Segundo Kinsey o comprimento médio do pénis humano erecto varia entre os 15,75 e os 16,25 centímetros. Contudo os dados colhidos em 2005 pela Lifestyles Condom, Co, apontam para uma média de 14,92 centímetros.
Ao que parece o método utilizado nos anos 40 pelos colaboradores de Kinsey para a obtenção de dados, poderá ter influenciado os resultados que levaram meio mundo a pensar que tinha um pénis abaixo da média.
Este consistiu no fornecimento ao candidato à medição de um postal ilustrado que, na privacidade do seu lar e no pico da erecção, assinalava a tinta junto à extremidade erecta do seu pénis e enviava, provavelmente em regime pré-franquiado, para a Universidade de Indiana.
(Presumo que ninguém avisou os carteiros do conteúdo sigiloso e pouco higiénico da missiva…).
Apesar do postal não estar propositadamente graduado, para evitar que o inquirido soubesse o resultado exacto da medição, não existiu qualquer controlo por parte dos investigadores quanto ao rigor da mesma. Ela era feita de modo totalmente privado e sem nenhuma intervenção dos cientistas.
Claro está que os homens, gabarolas como são relativamente ao seu pénis, símbolo inalienável da virilidade masculina, aldrabaram os resultados, acrescentando uns pozinhos à anónima contagem efectuada para fins científicos.
É o que dá confiar nas pessoas… Então no que respeita ao sexo (e particularmente ao tamanho do pénis) temos de ser como São Tomé… ver para crer! (Aliás, qualquer mulher lhes teria dito isto, se tivessem perguntado…).
Os novos cientistas da Lifestyles Condom já não se deixaram enganar. Arranjaram umas enfermeiras todas jeitosas e montaram uma tenda na praia de Acapulco, no México, cheia de revistas Playboy e similares, esperando que os jovens americanos de férias fossem ter com eles e baixassem as calças a troco de uma T-shirt gratuita e um pacote de preservativos!
(Sem esquecer as enfermeiras jeitosas que, de luvas de borracha nas mãos – que até têm um toque muito sensual, diga-se de passagem – se encarregaram das medições sob o olhar atento e inquisitivo do médico de serviço, a impor o indispensável respeito).
Estas medições, bem mais rigorosas diga-se em abono da verdade, retiraram quase um centímetro à dimensão média do pénis obtida por Kinsey! E isto apesar das revistas e do agradável contacto com as mãos enluvadas das enfermeiras…
Ainda assim a iniciativa ficou aquém das expectativas.
É que do milhar de medições pretendido pela companhia só foram obtidas 300… (o que é estavam à espera ao oferecer uma T-shirt e um pacote de preservativos aos rapazes!)
O que nos leva a crer que apenas os mais gabarolas e orgulhosos do seu pénis foram apresentar-se à inspecção. Não tanto pela T-shirt, mas pela possibilidade gratuita de o exibirem às enfermeiras…
Os menos confiantes nas suas medidas devem ter-se deixado ficar tranquilamente na praia, de calçãozinho vestido, a exibir as suas qualidades viris menos ostensivas às mexicanas…
Pelo que continuo com sérias dúvidas sobre o rigor das estatísticas.
Mas o dado mais curioso do estudo foi a preocupação da equipa com a medição do perímetro peniano, medida de extrema importância para promotora da iniciativa.
É fácil perceber porquê. Se o comprimento não oferece dificuldades de maior aos fabricantes, porque os preservativos desenrolam mais ou menos conforme as necessidades, já a espessura pode trazer sérias complicações.
Não é qualquer um (talvez o Luís de Matos consiga…) que mete o Rossio na Rua da Betesga!
Preservativos muito apertados trazem desconforto e menos prazer aos homens, desincentivando o seu uso. Já preservativos demasiado largos são um perigo!
(Assim ficámos a saber que os menos protuberantes, além de proporcionarem maior prazer às mulheres, são mais férteis, pois nem os preservativos parecem capazes de conter a sua acção fertilizadora…).
Com todas estas preocupações em mente concluiu-se que o perímetro médio do pénis humano (segundo os trezentos magníficos de Acapulco) é de 12,63 centímetros, oscilando, em 75% dos medidos, entre os 11,43 e os 13,97 centímetros.
Face a estas conclusões os técnicos da citada empresa fabricante de preservativos criaram a convicção de que há mercado para um modelo mais pequeno, o qual se adequará muito melhor aos pénis de menor espessura, aumentando a sua eficácia no planeamento familiar do casal e na prevenção das doenças sexualmente transmissíveis.
O pior vai ser promovê-lo…
Com tantos complexos dos homens acerca da sua dimensão peniana, os responsáveis de marketing destas empresas vão ter um enorme quebra-cabeças para resolver: como convencer os homens a adquirir o tamanho pequeno de preservativos em vez do maior?
Podem sempre perguntar aos publicitários da Super Bock, que têm feito maravilhas a promover as “rapidinhas” de norte a sul do país…

Os Árabes e as Moscas


Cientistas da Universidade do Illinois, em Chicago, declararam publicamente ter descoberto um método para alterar a orientação sexual das moscas da fruta.
Através da manipulação genética conseguiram reverter o comportamento sexual das moscas, de heterossexual para homossexual e vice-versa.
Segundo as palavras esclarecedoras do cientista David Featherstone à cadeia de televisão norte-americana ABC News, os efeitos foram fulminantes:
-“Colocámos os machos todos juntos e o que eles começaram a fazer uns aos outros foi o mesmo que costumavam fazer às fêmeas: aproximavam-se, cantavam uma canção, lambiam-se e saltavam-lhes para cima”!
Outros cientistas norte-americanos resolveram tornar os ratos fêmeas em lésbicas, através da manipulação das secreções sexuais, também conhecidas por feromonas.
Estes extraordinários sucessos da ciência moderna, confesso, deixaram-me apreensivo.
É verdade que ao converter as moscas e os ratos em homossexuais torna-se muito mais fácil controlar a respectiva natalidade (pelo menos até algum outro grupo de cientistas descobrir o modo de atribuir capacidade reprodutiva à prática homossexual).
Muitos fruticultores devem estar já a fazer contas à vida, sem contar com os responsáveis sanitários das cidades mais infestadas por pragas de roedores…
Não nego igualmente a relevância dos estudos na determinação do carácter genético da homossexualidade, a qual, não sendo um estado adquirido mas congénito, poderia mais facilmente ser objecto de um tratamento reversivo (para aqueles que o desejassem naturalmente… não quero despertar aqui sentimentos homofóbicos!).
Mas a ideia de que uma simples manipulação genética, ao alcance de um qualquer laboratório americano, possa alterar a minha orientação sexual e pôr-me a assistir embevecido a concertos de Boys Band, ao invés de me babar com os movimentos pélvicos da Shakira, é no mínimo desconcertante!
Esqueçam as bombas H, de neutrões ou o Antraz, o que os americanos nos estão a dizer (de uma forma sub-reptícia ainda por cima, o que aumenta a minha desconfiança) é que a próxima arma química a desenvolver pelo Tio Sam pode envolver a produção maciça de feromonas que conseguem transformar uma população inteira, de um qualquer país do mundo, em homossexuais!
E como, por enquanto, o sexo homossexual não possui qualidades reprodutivas, tal equivale a condenar à extinção um povo (sem contar com as doenças sexualmente transmissíveis…), catástrofe de proporções bíblicas, Sodoma e Gomorra dos tempos modernos!
George W. Bush tem assim, à sua disposição, um poder superior ao divino!
(Antes que a sua seita ordene a minha perseguição, qual Salman Rushdie dos metodistas unidos, vou apressar a apresentação de uma explicação plausível).
É que nem Deus conseguiu reverter os sodomitas… A única hipótese que, no Seu infinito poder, conseguiu idealizar, foi a destruição maciça da cidade, riscando-a literalmente do mapa!
Esta solução o Presidente americano já conhecia, estando aliás a aplicá-la sistematicamente nalgumas regiões do globo, como o Iraque ou o Afeganistão…
Mas reverter os sodomitas… isso é poder a sério, que nem Deus demonstrou possuir (segundo a Bíblia, quero eu dizer)!
Esta nova e poderosa arma biológica, se cair em mãos erradas e diabólicas, pode transformar-nos a todos em sodomitas!
(Imaginem a tentação de Hillary Clinton, se for eleita Presidente dos Estados Unidos…).
Felizmente parece que é mais fácil mudar a orientação sexual das moscas do que a dos seres humanos.
Alguns cientistas, que têm despendido uma boa parte da sua vida a trabalhar numa eventual “cura” para a homossexualidade, já demonstraram grande cepticismo quando a este novo e revolucionário método.
Afinal de contas para me deixar seduzir por um homem deve ser preciso algo mais do que pô-lo a cheirar bem e a falar com voz sedutora…
A atracção sexual humana, embora possa ser influenciada por factores biológicos básicos como as feromonas, parece estar mais dependente de outros aspectos físicos e psicológicos, nisso se diferenciando das moscas e dos ratos.
Mas não devemos menosprezar a manipulação biológica e o seu papel na orientação sexual humana.
Um homossexual norte-americano, comentando à ABC a notícia, confidenciou que, na incessante busca para modificar a sua orientação sexual, passou um período de tempo numa colónia cristã para ex-gays no Tennessee, onde, entre outras regras sui generis, proibiram-lhe o uso de after-shave ou colónia, com receio que tais aromas lhe relembrassem o cheiro de algum amante, essências do seu passado pecaminoso!
Imaginem o que esta gente faria se pusesse a mão na fórmula criada pelos cientistas de Chicago!
Os árabes que se cuidem…

As Mulheres São Todas Lésbicas?


“The L Word”, em português denominada “A Letra L” é uma desconcertante série norte-americana dedicada aos amores de uma comunidade lésbica de Los Angeles.
Para mim porém, o seu carácter desconcertante não deriva tanto da ousadia erótica das cenas, nem tão pouco do sucesso surpreendente que conseguiu alcançar, mas sim do facto de serem as mulheres e não os homens, os seus principais consumidores.
Afinal de contas amores lésbicos preenchem as fantasias sexuais dos homens e não das mulheres, pelo que deveriam ser eles e não elas, a entusiasmarem-se com estas aventuras sáficas na Califórnia.
Mas não é assim. Os homens reagem à série com alguma indiferença, enquanto as mulheres adoram-na e comentam deliciadamente, umas com as outras, a sensualidade emanada por estas filhas da Eresos do novo mundo!
Claro que a minha libido heterossexual interrogou-se logo, em ansioso sobressalto:
Será que as mulheres são todas lésbicas?
Confrontando algumas consumidoras confessas e entusiasmadas da série com as razões da sua preferência, cheguei à não menos desconcertante conclusão que as mulheres acham os amores lésbicos estimulantes, até sob o ponto de vista estético… ao contrário da homossexualidade masculina que geralmente as repugna.
Como será esta reacção possível, em mulheres alegadamente heterossexuais exclusivas?
É verdade que a feminilidade se expressa por comportamentos muito mais carinhosos e sensíveis do que a virilidade, sendo aliás o seu défice uma das críticas mais frequentes das mulheres ao sexo masculino.
Mas daí a meterem-se na cama com outra mulher, vai um passo enorme…
Decidi investigar o tema (de forma, confesso, não totalmente desinteressada…).
Nos seus estudos pioneiros sobre a sexualidade humana Alfred Kimsey elaborou uma famosa tabela versando a orientação sexual de homens e mulheres de acordo com as suas investigações.
Da tabela de Kinsey resultam vários graus de orientação sexual. Desde a exclusividade homossexual ou heterossexual, até à indiferença sexual, passando pelos graus intermédios: ocasionais, frequentes e paritários (bissexuais).
Esta estratificação da sexualidade humana deixou um amplo campo de estudo à bissexualidade.
Afinal esta zona, aparentemente cinzenta, integraria uma fatia muito significativa dos seres humanos (a maioria aliás), que vai desde os homossexuais ocasionais aos frequentes, passando pelos bissexuais puros, aqueles que sentem igual atracção pelos dois sexos.
O amplo leque da bissexualidade de Kinsey criou a convicção, nalguns investigadores, de que seria uma fase transitória na orientação sexual humana. Uma espécie de indefinição que acabaria por se resolver com o passar dos anos… à medida que o acumular das experiências permitisse ao indivíduo uma assumpção clara da sua sexualidade.
Por outro lado, e para esses investigadores, a bissexualidade, precisamente por se tratar de uma orientação algo confusa nos seus contornos, dificultaria os relacionamentos de longa duração. A maturidade e a necessidade sentida pelo ser humano de estabilizar as suas relações afectivas, acabariam por determinar uma opção exclusiva por um dos sexos.
Curiosamente uma das conclusões de Kimsey, confirmada por vários investigadores posteriores, é a de que a bissexualidade é uma orientação maioritariamente feminina!
Os homens tendem a ser mais claros nas suas opções sexuais: ou são homossexuais ou heterossexuais. Ainda que muitos afirmassem, nas suas entrevistas, já terem tido experiências homossexuais ocasionais (por vezes já bem dentro da idade adulta), tal não parece ter sido suficiente para se assumirem como bissexuais.
Os homens tendem a escolher uma orientação sexual definida, a qual, contudo, pode esporadicamente ser “temperada” com desvios ocasionais.
O mesmo já não parece suceder com as mulheres.
Para além de um número muito significativo reconhecer estimular-se sexualmente com indivíduos dos dois sexos, há uma faixa numerosa que se assume peremptoriamente como bissexual (e não como heterossexual ou homossexual com desvios ocasionais, como sucede com os homens).
Estes dados levaram alguns cientistas a afirmar que a bissexualidade masculina é um mito, existindo esta orientação sexual exclusivamente nas mulheres.
Esta afirmação está longe de ser pacífica e parece basear-se na velha convicção de que a bissexualidade (sobretudo a feminina, precisamente por ser a mais frequente e assumida) não é mais do que uma homossexualidade reprimida.
Isto é, o individuo, confrontado com uma inclinação natural para a homossexualidade mas também com uma forte pressão social para a heterossexualidade, ficaria, durante um período mais ou menos alargado de tempo, numa espécie de limbo da orientação sexual, entre aquela que seria a sua orientação natural e a outra, incutida pela sociedade, que ele tentaria impor a si mesmo.
Procurando esclarecer esta temática, que continua envolta numa cerrada neblina apesar dos muitos estudos desenvolvidos, a investigadora norte-americana Lisa Diamond, da Universidade de Utah, levou 10 anos da sua vida a seguir o comportamento sexual de 79 mulheres do estado de Nova Iorque, declaradamente bissexuais, procurando identificar no seu comportamento indícios da eventual transicionalidade da sua orientação sexual.
As suas conclusões parecem pôr totalmente em causa as citadas teorias.
Na verdade, não só as mulheres objecto do estudo não mostraram indícios de quererem assumir uma sexualidade exclusiva com o passar dos anos, como, apesar da sua aparente indecisão quanto à preferência relativa a um dos sexos, mostraram-se mais monogâmicas nos seus relacionamentos do que as homossexuais exclusivas.
Tais observações permitiram àquela investigadora concluir, embora baseada num universo relativamente pequeno, que a bissexualidade feminina não é um estado transitório, mas antes uma orientação sexual duradoura e perfeitamente capaz de alimentar relacionamentos a longo termo, mais ainda do que a homossexualidade exclusiva.
Viver hoje com um homem e amanhã com uma mulher parece afinal ser uma situação perfeitamente normal para muitas mulheres.
Por isso, a fantasia masculina do “threesome” afigura-se também como a de muitas mulheres…
Mas a fazer fé nestes estudos, todo o cuidado é pouco se decidir passar da fantasia à realidade! É que se a sua mulher lhe toma o gosto, pode decidir mudar-se definitivamente para casa da amiga e viverem as duas “felizes para sempre”…

Ou Comem Todos ou Há Moralidade…


Homens e mulheres tendem a ver de modo muito diferente as traições conjugais.
Os ciúmes não constituem exclusivo de nenhum dos sexos, nem tão pouco reflectem a reacção de ninguém quando confrontado com uma facada no matrimónio.
Há muito boa gente que não perde uma oportunidade para evidenciar um perturbante sentimento de posse relativamente ao parceiro ou parceira, mas que, se finalmente confrontado com uma violação do dever de fidelidade por parte do(a) consorte, reage da forma mais inesperada, relevando a falta ou reatando a relação após um “luto” mais ou menos prolongado pela sua dignidade ofendida.
Outros levam uma pacata vida conjugal, exalando confiança no parceiro por todos os poros, mas quando persuadidos da infidelidade do mesmo explodem em acessos de raiva que frequentemente acabam em crimes sentimentais julgados nos Tribunais.
Por isso ciúme é uma coisa e infidelidade é outra completamente diferente.
A primeira exprime sentimentos de insegurança na personalidade do seu autor. A segunda desperta uma enorme panóplia de reacções, na maioria das vezes pouco relacionadas com a vida amorosa do casal e muito mais centradas na vivência pública da sexualidade individual.
Ser “corno”, de acordo com a tradição paternalista ocidental, acarreta o opróbrio da sociedade sobre alguém que não soube manter o respeito e amor-próprio na sua relação conjugal. É a suprema castração social do macho que se vê desrespeitado publicamente precisamente pela sua fêmea, aquela que mais respeito e admiração lhe deveria merecer.
O macho paternalista, desconsiderado socialmente, prefere por vezes “lavar” a honra com sangue, nem que por isso passe o resto da vida na cadeia.
Antes preso do que castrado para o resto da vida.
Há registos históricos de comunidades (nomeadamente da região alpina medieval) que condenavam ao ostracismo os machos enganados… A humilhação pública passava por rituais em que os maridos enganados eram despidos, amarrados e exibidos publicamente em cima de um burro, enquanto os transeuntes – incluindo os adúlteros - distribuíam pedradas e vilipêndios em abundância e, finalmente, expulsos da comunidade sem dó nem piedade!
A violência física felizmente desapareceu destes casos, mas a social nem por isso…
Ainda hoje a sociedade patriarcal em que vivemos é particularmente exigente dos machos no que concerne à preservação da fidelidade feminina. Um marido enganado é motivo de farta e jocosa conversa, ridicularizado até ao limite no humor, sendo incontáveis as anedotas e obras humorísticas que vivem dos despojos das infidelidades conjugais femininas.
Já a infidelidade dos homens é muito mais tolerada (apesar das mulheres serem pelo menos tão ciumentas quanto estes).
Uma mulher que tolere as facadas no matrimónio, perpetradas pelo marido, é uma Senhora. A sua dignidade só sai reforçada do incidente.
As suas qualidades são de tal modo enaltecidas que até a podem levar à honra de ser a primeira mulher a ocupar a Presidência da maior potência mundial!
É inegável que, vivendo numa sociedade patriarcal, é muito mais fácil à mulher enfrentar o mundo, sabendo que o marido é adúltero, do que ao homem… E não estou a ser machista!
A mulher torna-se uma vítima da concupiscência masculina. Da testosterona dos maridos que os impele atrás de qualquer rabo de saia que lhes passe à frente dos olhos.
Algo que milénios de civilização não conseguiu impedir e que, por isso, merece toda a compreensão, simpatia e solidariedade do sexo feminino (pois nenhuma mulher está, aparentemente, livre de lhe acontecer o mesmo) e o maior respeito do sexo masculino (por inveja de não ter uma mulher tão compreensiva em casa ou por precaução de lhe poder vir a acontecer o mesmo e ser apanhado pela respectiva consorte nalguma escapada para fora da cerca conjugal…).
Já para os homens as coisas mudam de figura.
Ninguém lhes expressa simpatia, compreensão ou solidariedade (talvez algumas mulheres o façam, mas isso, embora possa ajudá-los a manter os pés quentes à noite, não lhes aumenta o ego nem promove socialmente a sua imagem). O homem enganado só merece simpatia da sociedade paternalista se limpar a sua honra, de preferência a vermelho-sangue! Nesse caso todos os amigos lhe dão uma palmadinha nas costas e até o sistema legal considera as atenuantes do crime, na graduação da pena a aplicar-lhe! Portou-se como um homem. Perdeu a cabeça e limpou o sebo à mulher e ao amante. Nada de mais compreensível… qualquer verdadeiro homem na mesma situação faria o mesmo!
Claro que, “corno” e criminoso condenado, as hipóteses de se candidatar a importantes cargos políticos ficam limitadas, não por falta de simpatia dos eleitores, mas porque é preciso salvaguardar as aparências… Um homem que não soube meter a mulher na ordem não serve para governar, que diabo!
Mas para além das considerações sociais envolvidas no modo como a infidelidade é vista e tratada por homens e mulheres, quer-me parecer que há também alguns aspectos sexuais associados.
Na verdade, se as mulheres ligam muito menos do que os homens ao sexo, não terão também tantas razões para se sentirem ofendidas pelo marido o andar a praticar com outras, sobretudo se em casa as coisas estiverem paradas, nesse particular, há muito tempo.
Para algumas, tradicionalmente, até poderá ser um alívio. Menos uma obrigação doméstica a cumprir e menos uma fonte de conflitos no casal.
E não pensem que essa atitude seria incompatível com a manutenção do relacionamento amoroso… Amor e sexo são coisas muito diferentes e para algumas mulheres o primeiro revela-se de muito maior importância no relacionamento do casal, do que o segundo.
Já para o homem e para as mulheres modernas e desinibidas, que não têm receios de exprimir a sua sexualidade, o sexo é algo de fundamental num casamento. A sua falta pode até nem ser suficiente para pôr todo o relacionamento em causa… contanto que lhes seja permitida a sua obtenção noutras fontes!
No entanto, a perspectiva da mulher ter sexo com outros homens representa uma facada no coração e dignidade do macho.
- Não faz comigo e vai fazer com outro?!
Isso é inadmissível, porque representa a preterição das suas qualidades de amante, a suprema ofensa ao seu instinto de predador e fertilizador nato.
- Se não é para mim, não é para ninguém!
Assim, o problema principal da infidelidade para o homem centra-se na desconsideração das suas capacidades sexuais, símbolo inalienável da virilidade masculina.
A proliferação das práticas de “swing” por exemplo (a famosa troca de casais) não parece afectar a masculinidade de muitos machos latinos, porquanto a “traição” da mulher se dá sob a sua égide e num regime de reciprocidade que até lhe permite aumentar a experiência e prazer sexuais.
Afinal parece que para um homem a sério…ou comem todos ou há moralidade.

Toma Lá Que Já Almoçaste!


Não há dúvidas de que vivemos obcecados pelo sexo.
Por muito que queiramos admitir que entre um homem e uma mulher pode existir uma linda amizade, sem qualquer envolvimento sexual, aos olhos do mundo a inocência num relacionamento destes não existe.
Experimentem ir almoçar ao vosso restaurante preferido, aquele onde costumam levar a família nos dias de festa ou a vossa companheira no aniversário de casamento ou no São Valentim, acompanhados de uma mulher desconhecida para os anfitriões, de preferência loira e bonita.
Aposto que quando menos esperarem (e mesmo à frente da vossa companhia…) lhes vão perguntar pela mulher e os filhos, se estão bons de saúde, há quanto tempo não os vêem, a jóia de pessoas que são, o lindo casal e família que fazem, os muitos anos em que estão juntos, etc, etc, etc…
Mesmo que o almoço seja o mais inocente possível, a sua companheira de ocasião não vai deixar de reparar no excesso de zelo dos anfitriões… E provavelmente vai comentar-lhe que tem ali uns acérrimos defensores da sua fidelidade conjugal!
Os mais espertos estão já a pensar numa forma expedita de resolver a situação. Nestas coisas a melhor estratégia é o ataque, pelo que se fosse eu entrava logo a matar e apresentava-a, da forma a mais inócua possível:
- É uma cliente (e daí é melhor não… uma cliente soa a falso!);
- Uma amiga (também não serve… podem julgar tratar-se de uma amiga “colorida”!);
- Uma colega de trabalho (hummm… suspeito! Os dois sozinhos a almoçarem juntos… traz água no bico!);
- Pronto, é a minha irmã (isso mesmo! Irmã é santa, não levanta suspeitas a ninguém!).
O pior é quando lá for almoçar com a sua esposa e os empregados lhe perguntarem pela sua irmã… (que a sua mulher sabe bem que não existe ou vive em Freixo de Espada à Cinta!).
Para evitar o incómodo da situação é apanhado numa mentira, ainda por cima gratuita e sem nenhum proveito!
Esqueça, não há volta a dar. Tem de ouvir os lembretes familiares e comentá-los divertidamente com a sua comensal, qualquer outra hipótese pode esconder ainda piores consequências!
Os mais fundamentalistas estão já a tremer de indignação. Não é possível… as pessoas serão todas maldosas? Será que não posso ir almoçar com uma colega ou uma amiga sem que todos fiquem a pensar que ando metido na cama com ela?
Acredite que não é por falta de confiança. Na verdade eles têm a melhor impressão de si, razão pela qual não querem ser enredados em teias menos claras a seu respeito.
Se julgassem verdadeiramente que era um arranjinho, o mais certo seria ficarem calados e evitarem ao máximo qualquer alusão à ilicitude do encontro. Mas como você é uma pessoa de bem, apressam-se em afastar os fantasmas da ilicitude e a trazer à conversa os temas inadequados às circunstâncias menos consensuais.
Nada melhor para evitar mal-entendidos do que falar na mulher e nos filhos! É a prova real de que nada de mal se passa!
O pior é que cria em si, e sobretudo na sua companhia, a sensação sórdida de estarem a ser tomados pelo que não são… adúlteros. Aos quais um sermãozinho acerca das vantagens da vida familiar nunca é demais…
Na verdade trata-se de um reflexo psicológico. Quando confrontados com uma situação nova e potencialmente perigosa, jogamos geralmente à defesa.
O melhor, por via das dúvidas, é distanciar-me desde já de qualquer elemento menos claro e mostrar-me como um velho amigo da família, cheio de intimidades e à vontade (precisamente aquilo que não temos na altura!), até para não vir a saber mais do preciso…
Sobretudo nunca nos devemos mostrar nervosos nessa ocasião. Se além de aparecer aos seus amigos e conhecidos com uma mulher nova, ainda começa a gaguejar ou a meter os pés pelas mãos, pode ter a certeza de que nenhum sai dali convencido da inocência do encontro! Vão levar o resto do dia a pensar que raio é que está a fazer com a sua vida, a trocar aquela santa que tem em casa, por uma lambisgóia qualquer!
São mecanismos automáticos que nem dão tempo para raciocinar. A novidade incomoda, porque nos retira as referências comportamentais habituais. Por muito conceituado que você seja, ninguém se consegue abstrair, num primeiro contacto, de que está a almoçar sozinho com uma mulher bonita que não é a sua! E embora possam existir um milhão de hipóteses para que tal aconteça para além do adultério (que, em rigor, seria a menos plausível porquanto teria muito mais lógica levar a amante a almoçar num local onde ninguém o conhecesse…), a circunstância torna-se comprometedora: para si, que sente necessidade de explicar o que não carece de explicação, e para eles que não sabem como reagir à novidade, com receio que você interprete o seu comportamento como uma desconfiança face à sua fidelidade conjugal.
Tantos receios e preconceitos geram comportamentos absurdos e comprometedores. De tanto se querer parecer desinteressado toma-se atitudes irreflectidas que podem ser interpretadas precisamente ao contrário, como uma intromissão inadequada na vida privada do amigo ou do cliente.
E por vezes também há lugar a invejas…
- (Olha-me este parvalhão, que nunca fez nada de jeito e há 10 anos que anda a cirandar na empresa sem sequer ser promovido, aparece-me agora com uma loiraça atracada ao pescoço) …
- Apresento-te a Joana, uma amiga de escola, que encontrei na rua agora mesmo… Já não nos víamos há 20 anos!
- Óptimo, óptimo… - Muito prazer. – Desejo-vos então um excelente almoço, que dê para pôr todas as conversas em dia!
- E já agora, dá um beijo meu à tua mulher, que é uma senhora extraordinária e aos teus cinco filhos, que são uma jóia de crianças!
- (Toma lá que já almoçaste!).

Somos Todos Perversos


Segundo uma concepção teológica da Natureza, herdeira do pensamento grego aristotélico, existem inclinações naturais das coisas.
O que é natural é bom e necessariamente agrada a Deus.
Nessa perspectiva São Tomás de Aquino qualificou certas práticas sexuais como contrárias à natureza, logo perversas na medida em que se desviavam da referência natural da procriação (humana e animal) – a união de dois órgãos sexuais diferentes para a preservação da espécie.
Qualquer prática sexual desviante da regra seria assim uma perversão da ordem natural, conceito que perdurou na nossa cultura até ao início do Séc. XX (e resiste ainda em muitas mentalidades), com reflexos quer na medicina quer no direito.
O positivismo novecentista preocupou-se fundamentalmente com a classificação ou etiquetagem das perversões sexuais, procurando aplicar o método científico à inventariação do pesado rol de desvios encontrados ao longo dos tempos, logrando, dessa forma, dotar médicos, legisladores e juízes de um precioso instrumento de trabalho destinado a diagnosticar e punir os prevaricadores.
Foi Freud quem, pela primeira vez, se insurgiu contra esta visão medieval da sexualidade, afirmando escandalosamente que as tendências perversas catalogadas pelos seus colegas como aberrações não só estão presentes nos espíritos de todos os seres humanos (inclusive daqueles que as catalogaram) como também nas crianças: "a criança é um perverso polimorfo", ousou afirmar.
E foi mais longe. Contrariando a visão que a biologia, a moral, a religião e o povo têm da natureza da sexualidade, defendeu que o objectivo da mesma não é a procriação. Antes escapa à ordem da natureza, actuando em serviço próprio.
Se a sexualidade não visa a procriação, antes a satisfação egoísta do indivíduo, somos todos perversos, no sentido em que nenhum ser humano vive a sua sexualidade na estrita perspectiva reprodutora.
Isto parece uma evidência, mas é uma afirmação verdadeiramente revolucionária!
Assim se compreende a dificuldade da Igreja em aceitar a contracepção. Se uma prática sexual não visa a reprodução mas o mero prazer do indivíduo, subverte o conceito natural e tomista da sexualidade, caindo consequentemente na sua perversão.
O uso de um preservativo (ou aliás de qualquer método contraceptivo) é uma perversão; o sexo praticado durante a gravidez é uma perversão; a masturbação é uma perversão; o sexo oral ou anal constitui perversão; e assim por diante até se chegar ao sexo procriador, o único que não viola o alegado sentido natural das coisas.
Por outro lado e apesar da lição freudiana de humildade, a sociedade em que vivemos ainda cai frequentemente no absurdo de reduzir o indivíduo à sua prática sexual.
Somos heterossexuais, homossexuais, bissexuais, transsexuais, sado-masoquistas, voyeurs, fetichistas e outras coisas mais, sempre de acordo com o catálogo positivista da sexualidade humana e das suas perversões.
No entanto, e segundo a Psicologia, todos nascemos bissexuais, na perspectiva em que é durante a infância, e por efeito da influência materna e paterna, que adquirimos as referências da masculinidade e da feminilidade, assimilando o quadro de valores e as condutas adequadas à sua vivência.
A assumpção de uma única sexualidade é assim uma das maiores feridas narcísicas que o ser humano tem de enfrentar: implica a rotura com toda uma parte da sua sexualidade infantil e a interiorização de um conjunto de valores externos, associados ao padrão sexual em que se deseja inserir, pela repressão dos restantes (os pertencentes ao outro sexo que naturalmente foram assimilados na infância pelo contacto com o respectivo progenitor).
Cada contexto sócio-familiar é único, logo cada sexualidade é também única.
Não há apenas uma forma de heterossexualidade, mas tantas quantos os indivíduos que a praticam. Precisamente porque cada um deles cresceu em contextos sócio-familiares diversos, assimilando de forma diferente o conjunto de valores fundamentais que, de acordo com o meio em que cresceu, identificam o seu sexo.
Da mesma maneira não há uma só homossexualidade ou bissexualidade, mas tantas quantos os indivíduos que as praticam (que na verdade só em sentido lato se inserirão numa das referidas categorias, já que na realidade praticam uma sexualidade única e individual, à semelhança dos heterossexuais).
Cada indivíduo cria a sua própria sexualidade, que é única e que poderá ser mais ou menos conforme às normas ditadas pela sociedade em que está inserido.
Assim, para a Psicologia, a sexualidade extravasa amplamente o meramente genital.
Por isso a forma como é vivida está na base de uma constante crise de valores, particularmente evidente quando é confrontada com mudanças sociais significativas.
Já vimos que a sexualidade humana está em constante mutação, fruto dos valores sociais de que emana. Por isso alterações significativas desses valores geram crises, porque confrontam o adulto com a necessidade de se adaptar à nova realidade, para a qual não está psicologicamente preparado (à semelhança do que acontece com a criança na passagem para a idade adulta).
Um factor aparentemente tão insignificante quanto a saída da mulher de casa para o trabalho (e do cuidado dos filhos) é suficientemente grave para questionar toda a aprendizagem da sexualidade masculina e feminina.
Qual é o papel do homem numa sociedade familiar bicéfala? Como gerir a nova posição da mulher, enquanto profissional de sucesso, face à sua masculinidade? Como compatibilizar o seu desempenho de pai, modelo da masculinidade dos filhos, com essas novas realidades?
São questões para as quais a esmagadora maioria dos homens não foi preparado, durante o processo de aprendizagem da sua masculinidade, para responder.
E o mesmo se dirá das mulheres. Como ser feminina e simultaneamente exercer funções de poder ou direcção? Como gerir familiarmente essa aparente inversão de papéis, quer no relacionamento com o marido quer no desempenho das tarefas maternais, modelo da feminilidade das filhas (e dos filhos)?
Também elas não aprenderam, na grande maioria das vezes, as respostas a essas perguntas durante a assimilação, na infância, dos contornos da sua feminilidade.
Toda a mudança é acompanhada de conflitos. O novo representa sempre uma ameaça que é necessário enfrentar.
A mudança do conteúdo da sexualidade, nos seus contornos externos e sociais, gera um novo processo de aprendizagem do que é ser homem e mulher, o qual nem sempre é bem resolvido, conduzindo às depressões, aos conflitos e aos divórcios e separações (que por sua vez obrigam a um novo repensar do papel de cada um dos cônjuges nesse ambiente pós-matrimonial ou bi-familiar, quando ao divórcio se segue um novo casamento).
Cada alteração ao status quo representa um atentado à sexualidade, que cada um resolve o melhor que pode (quando resolve…).
A rápida mudança de valores, a que temos assistido ao longo da nossa vida, provoca um constante conflito e uma busca incessante de sinais que nos digam o que espera a sociedade de nós, da nossa sexualidade, face aos novos valores que se perfilam.
Por muito que nos custe admitir, não existem apenas dois sexos, mas tantos quantos os indivíduos.
Cada indivíduo é um sexo, nem sempre compatível com o outro, apesar de, perante a suposta ordem natural, os sexos opostos deverem encaixar-se perfeitamente.
Mas nem sempre somos opostos. Por vezes somos mais semelhantes do que nos parece à primeira vista. Nem a oposição é, só por si, garantia de compatibilidade.
Há demasiados interesses contrapostos e demasiadas questões a responder quanto ao modo como podemos ou devemos viver a nossa sexualidade nesta sociedade em constante mudança, que temos de enfrentar.
Em cada dia há que aprender a ser homem e mulher.
E a nossa saúde, bem como os nossos casamentos, dependem directamente da forma como nos sairmos no exame!

O Fantasma da Castração


Definir o que é masculino e feminino parece fácil, mas provavelmente quaisquer que sejam as características que associemos aos dois sexos, as mesmas resultam muito mais da herança cultural que suportamos do que das características biológicas dos mesmos.
A mulher é bela e graciosa.
Algumas são-no indiscutivelmente. Mas para além de eu conhecer muitas mulheres que não se inserem de todo nestas características alegadamente femininas, duvido que as mulheres pré-históricas devessem muito à beleza ou graciosidade (e já agora, se visitarmos algumas aldeias do interior ainda encontramos senhoras de bigode farto com uma beleza e graciosidade que fariam, à maioria dos homens, ganhar o título de Miss Mundo!).
Os homens são fortes e corajosos.
Alguns dizem que sim, mas para além da História estar recheada de exemplos de heroísmo feminino (Joana d’Arc ou a lusitana Padeira de Aljubarrota), quantos de nós, homens actuais, estaríamos dispostos a repetir esses feitos gloriosos das Mães-Coragem da História? (Eu não, seguramente…).
Essencialmente o que distingue um homem duma mulher?
O seu sexo biológico, naturalmente.
Mas masculinidade ou feminilidade são coisas muito diversas de ser simplesmente de sexo masculino ou feminino.
Nascer com um pénis atribui ao indivíduo o sexo masculino, mas fará dele um homem, social e psicologicamente?
O mesmo se dirá das mulheres. Nasce-se mulher, mas as características da feminilidade adquirem-se posteriormente.
Weininger, psiquiatra austríaco contemporâneo de Freud, concluiu na sua polémica obra “Sexo e Carácter”que tornar-se mulher é muito mais fácil do que a aquisição da virilidade: esta última nunca é definitivamente adquirida, e deve ser constantemente (re)conquistada, sob pena de ver a feminilidade recuperar terreno.
No fundo o que os psiquiatras nos dizem é que é mais fácil aprender a ser feminino do que masculino. Isto porque numa sociedade patriarcal, como a nossa, a feminilidade está associada a aspectos passivos enquanto a virilidade implica comportamentos activos e permanentes.
Esta visão simétrica e binária é particularmente evidente em Freud, que teve ainda o mérito de ser o primeiro a chamar a atenção para a dificuldade de definir masculino e feminino, na medida em tais condições não se submetem à realidade anatómica, antes se subordinam a resultados de processos bem mais complexos que as determinações instintivas.
Aprender a ser mulher, no contexto social em que vivemos, é sobretudo um exercício de contenção: na linguagem, no comportamento, na iniciativa, na preservação da imagem, da família, dos valores.
Já ser um homem, no mesmo contexto, implica demonstrar por actos e perante a sociedade que somos merecedores do pénis com que nascemos. Há que exibir coragem, capacidade de sobrevivência, inteligência, sedução, desprezo pela morte e pelo processo de envelhecimento.
Qualquer falha na exibição pública das características marcadamente masculinas implica castração social.
O humor, nomeadamente, vive muito deste fenómeno. Assumir cobardia, ignorância ou medo, por parte de um homem, provoca hilariedade. Precisamente porque são comportamentos infantis (e por isso femininos), desconformes com o que seria expectável de um indivíduo adulto, pós-iniciado nos rituais da masculinidade, numa sociedade patriarcal.
Não é por acaso que a antropologia é rica em observações que mostram que o trajecto em direcção à masculinidade deve ser construído. O que é feito através de rituais próprios a cada cultura, com o risco de perder esta masculinidade sempre presente.
Mesmo na sociedade moderna os rituais de iniciação são patentes, por vezes de forma bastante aproximada da verificada nas tribos africanas ou asiáticas. Veja-se a recruta militar, por exemplo, com toda a crueldade e disciplina imposta. Não é mais do que um ritual iniciático que visa assegurar a virilidade do mancebo e expurgar dele qualquer traço de feminilidade.
Assim a feminilidade confunde-se bastante com a infantilidade. Ser mulher é passivamente manter a pureza infantil. Não sofrer a pressão social de ter de mostrar coragem, inteligência ou indiferença perante o medo. A mulher passa da protecção dos pais à do marido, pelo que se mantém sempre numa posição de dependência.
Não quer dizer que as mulheres não sejam corajosas ou inteligentes. Na verdade a mulher, cada vez menos passiva, tende a assumir um crescente protagonismo na nossa sociedade, fruto de progressivas conquistas ao poder patriarcal.
Mas a inteligência ou a coragem na mulher são notáveis, ao passo que no homem são supostamente assumidas como naturais.
Pelo contrário um homem ignorante ou cobarde é que é notável, pela negativa. A ignorância ou cobardia nas mulheres são assumidas como características femininas, logo não assinaláveis.
Sob o prisma sexual esta assumpção cultural dos valores masculinos e femininos tem consequências evidentes. Uma mulher demasiado independente assume contornos de lésbica e assusta os homens, incapazes de rivalizar com a sua inteligência ou iniciativa. Por outro lado um homem demasiado sensível ou que manifeste excessivos cuidados com a sua aparência é tido por homossexual e discriminado por ambos os sexos.
Mais do que a orientação sexual do indivíduo, a qual é assumida de forma privada e distante dos olhares de todos, o que é difícil de digerir socialmente é o comportamento público não padronizado. Se um homem é homossexual e prefere sexo com outros homens é problema dele. Mas se ele insiste em assumir publicamente comportamentos femininos (mesmo que, por hipótese, seja heterossexual) torna-se notável, configurando uma agressão à sensibilidade dos restantes.
O mesmo se dirá da mulher. Uma mulher machona, que se veste como um homem e adopta comportamentos marcadamente masculinos vai suscitar desconforto e recriminação na sua vivência social, provenientes de ambos os sexos e independentemente da sua orientação sexual.
Não admira portanto que, com toda esta pressão social, seja sobre os homens que recai a maior fatia de disfunção, psicológica, social, sexual, etc.
Sob esta perspectiva a mulher tem uma passagem relativamente pacífica à idade adulta, bastando-lhe frequentar meios femininos e adquirir os seus valores, aguardando tranquilamente a iniciativa do homem, pós-iniciático, no sentido do acasalamento.
O homem, pelo contrário, nasce feminino, no sentido em que, apesar de possuir um pénis, está totalmente dependente de terceiros para a sobrevivência. O crescimento do rapaz faz-se precisamente pelo progressivo abandono dos valores femininos, adquiridos no seio da sociedade familiar matriarcal, e a assumpção dos masculinos que vai adquirindo com o pai, os amigos e os restantes homens com quem contacta socialmente.
Esta transição é difícil e complexa.
Os vestígios da feminilidade infantil estão sempre presentes e são dolorosamente recalcados em detrimento de características alegadamente masculinas, impostas pela sociedade, e fundamentalmente opostas.
O rapaz tem de ultrapassar toda a aprendizagem infantil e (re)aprender a ser homem, isto é, a ser corajoso, a ter iniciativa, a não ter medo, a sobreviver na “selva” social em que está inserido, características que lhe foram marcadamente reprimidas na infância.
Com todas estas dificuldades, não espanta que muitas aprendizagens sejam mal resolvidas, originando um extenso catálogo de disfunções psicológicas, sociais e sexuais nos homens, que a ciência apenas recentemente e de forma ainda tímida se atreve a aflorar (estando longe de as resolver, na maioria das vezes).
Possuir um pénis numa sociedade patriarcal, mais do que um privilégio, transforma-se num enorme encargo. É preciso viver de acordo com essa condição, provando a cada dia que se é merecedor do mesmo!
Sempre sob o fantasma da castração.

Uma Questão de Calças



Desculpe a pergunta, mas quem é que usa as calças lá em casa?
(Por esta altura o leitor já está habituado às minhas questões indiscretas, pelo que se aguentou a leitura até aqui, não vai seguramente desistir agora…).
Mesmo que diga que é ela, ou se quiser ser politicamente correcto responda que são os dois (ou nenhum, tanto me faz…), a simples forma como a pergunta é colocada, de acordo com uma velha máxima bem enraizada na nossa cultura, é suficiente para demonstrar que vivemos numa sociedade patriarcal.
Já sei que vai argumentar que elas é que põem e dispõem quando querem, que têm sempre uma maneira de levar a sua adiante e por aí afora, mas quando são necessárias formas sub-reptícias de exercício de poder (tais como o charme feminino ou mais simplesmente a lei seca lá em casa) tal significa invariavelmente que a ascendência está noutro lado…
Se assim não fosse não seriam necessários movimentos feministas, emancipação feminina, condição feminina e outros eufemismos reveladores de que, em muitos aspectos essenciais, continuamos a viver numa sociedade patriarcal.
E se assim ainda é, o que dizer dos milénios de história que nos antecederam?
Toda a cultura ocidental, seja ela cristã, judaica, muçulmana ou agnóstica, é profundamente patriarcal.
Após milénios de exercício de poder, o que fizeram os homens ocidentais da sexualidade?
Instituíram uma religião castradora que condena o sexo por impuro e incute um enorme sentimento de culpa em todos os que o praticam (seja ela qual for, de entre todas as principais religiões ocidentais).
Mesmo os movimentos liberais e anticlericais necessitaram de séculos para reconhecer idênticos direitos aos homens e mulheres. Mas os costumes patriarcais estão de tal forma enraizados na nossa cultura que ainda subsistem, teimando em fazer letra morta dos princípios igualitários constitucionais.
Quais as consequências na sexualidade de todo este patriarcalismo: ejaculações precoces nos homens e disfunção orgásmica nas mulheres.
E não pensem que me estou a contradizer. Eu estou ciente de que tenho, em textos anteriores, tentado derrubar mitos quanto à sexualidade feminina que agora, aparentemente, estou a reerguer.
Felizmente há muitas mulheres desinibidas que vivem a sua sexualidade com naturalidade e prazer. Mas acham que valia a pena chamar a atenção para esse facto se constituísse a regra? Causariam surpresa e debate as estatísticas que garantem que uma parte significativa das mulheres tem prazer sexual, pratica a masturbação ou é infiel aos maridos? Seguramente que não, tal como não constituem surpresa esses dados estatísticos relativos aos homens.
Todos esses estudos apresentam a mulher como menos interessada em sexo, mais frígida e menos infiel do que os homens e já vimos que não há razões biológicas que o justifiquem, apenas culturais.
Imbuídos dessa mentalidade patriarcal habituámo-nos a ver o sexo como uma coisa de homens que, no entanto, carece de mulheres para ser praticada: eles precisam de sexo, elas concedem-no.
Naturalmente que o carácter patriarcal do sexo ocidental tem um reverso: o que para eles é uma necessidade, para elas, enquanto dependentes, transforma-se num poder.
Ou melhor dizendo, num contra poder, que a mulher usa precisamente porque, após milénios de patriarcalismo, o sexo foi uma das poucas armas que encontrou para reagir ao domínio masculino. O mesmo serviu para prover às suas necessidades, desde as mais básicas de sobrevivência, até às culturais e políticas.
Se a ascendência masculina na vida pública é inegável, já na vida privada, fruto precisamente desse contra poder feminino emanado da sexualidade, mandam geralmente as mulheres…
O amor foi assim manipulado ao longo dos séculos por jogos de poder entre homens e mulheres. A sexualidade ocidental é a síntese desses interesses contrapostos, entre as necessidades de sexo e de poder.
Se preferir a linguagem marxista podemos dizer que a revolução sexual foi o culminar de um intenso processo de luta de classes que opôs os homens dominantes às mulheres dominadas. E a luta continua por resolver…
Visto sob este prisma o sexo não pode ser natural nem gratificante. Torna-se uma conquista dos homens e uma concessão das mulheres. Faz daqueles ejaculadores precoces e destas frígidas.
Com esta pesada herança cultural não admira que, segundo Kinsey, o homem médio demore dois minutos a ejacular no coito e uma grande parte das mulheres sofra de disfunção orgásmica.
Já alguma vez imaginaram como seria o sexo, se vivêssemos numa sociedade matriarcal?
É um mundo ao contrário, em que as mulheres são a parte activa do sexo e o homem a passiva. Em que a ejaculação fertilizante e precoce não faz sentido, porque não satisfaz a mulher, e ao invés se cultiva a união física e espiritual dos corpos. Em que a mulher é a matéria e o homem o espírito. Em que o sexo é uma experiência espiritual recompensadora e não um acto impuro condenado socialmente…
O coito poderia prolongar-se por dias e o orgasmo por horas…
Por mais estranho que pareça, não estou a falar do planeta Zorg, localizado nos confins da galáxia e povoado por hermafroditas particularmente licenciosos!
Certas filosofias e culturas orientais preconizam isto mesmo.
O tantrismo é uma filosofia indiana matriarcal, criada no Séc. VII (embora baseada, provavelmente, em práticas e doutrinas anteriores que alguns remontam ao neolítico), e que se tornou famoso, nos nossos dias, sobretudo devido ao apelo sexual que encerra.
Os estudiosos desta filosofia rejeitam o carácter meramente libidinoso que adquiriu no ocidente, antes realçando os aspectos éticos e comportamentais presentes nos seus princípios.
Não obstante, parece-me sintomática esta obsessão dos ocidentais pelo sexo segundo os (supostos) princípios tântricos. Precisamente pela liberdade e inversão de valores que preconiza face à sexualidade ocidental, castradora e repressiva.
Elevando o corpo à divindade, o sexo tântrico torna-se assim uma experiência religiosa, em que os princípios feminino e masculino (respectivamente Shakti e Shiva) são manipulados até à exaustão, visando o denominado hiperorgasmo, estado de êxtase iluminado, quase sobrenatural, só alcançado pelos iniciados com total conhecimento sobre si mesmos, que desta forma são recompensados com uma experiência sexual mística.
Sendo uma filosofia matriarcal não admira que Shakti, a energia feminina, seja considerada a parte activa e o símbolo da matéria, enquanto Shiva, a energia masculina, seja vista como a parte passiva e símbolo espiritual.
Pela mesma razão não surpreende que o objectivo supremo do sexo tântrico não seja a obtenção do orgasmo (desperdício de energia vital, por isso mesmo evitável) mas antes o seu adiamento (há relatos mais os menos míticos de sessões tântricas com durações superiores a 24 horas!).
O mínimo admitido para que a experiência adquira carácter tântrico são duas horas, considerando os seus seguidores que existe ejaculação precoce se o coito de prolongar por menos de uma hora!
Diz a lenda que o coito de Shiva e Shakti durou vinte e cinco anos, sem que Shiva vertesse nela o sémen…
Quando comparamos estes princípios com as estatísticas de Kinsey, compreendemos não só o fosso cultural que separa ocidente e oriente, como também a insatisfação que grassa nas mulheres ocidentais!
Mas apercebemo-nos ainda que, pelo menos em matéria de sexualidade e espiritualidade, os homens têm muito que aprender com as suas companheiras.
Talvez já fosse tempo de as deixarmos usar as calças de vez em quando…
Se séculos de “luta de classes” sexual não foram suficientes para alcançar tal desiderato, talvez a perspectiva de um hiperorgasmo ajude…